A família do dissidente chinês Liu Xiaobo rejeitou que ele seja submetido a uma respiração artificial - anunciou nesta quarta-feira (12) o Hospital Universitário Nº1 de Shenyang, onde está internado o Prêmio Nobel da Paz de 2010, vítima de um câncer de fígado em fase terminal.
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Após três dias de tratamento intensivo, "o paciente está em insuficiência respiratória", indicou o hospital.
"O hospital explicou à família a necessidade de realizar uma intubação traqueal" para submetê-lo à respiração artificial, mas a família rejeitou, informou o centro médico.
O hospital, que algumas horas antes informou que Liu, 61 anos, sofreu uma falência múltipla de órgãos, diz que o funcionamento do fígado se deteriorou apesar de três dias de tratamentos para combater a infecção.
Em caso de morte na China, Liu Xiaobo se tornaria o primeiro Nobel da Paz a morrer privado da liberdade desde o pacifista alemão Carl von Ossietzky, que faleceu em 1938 em um hospital quando estava detido pelos nazistas.
O opositor está hospitalizado em liberdade condicional, depois de passar oito anos na prisão para cumprir sentença por "subversão".
China se opõe à ideia de Liu Xiaobo viajar ao exterior
A China se opõe à ideia de Liu Xiaobo viajar ao exterior para receber tratamento, alegando que seu estado de saúde impede a saída. Na semana passada, dois médicos ocidentais que visitaram o paciente avaliaram que ele teria condições de deixar o país.
Na terça-feira (11), o Hospital Universitário Nº1 de Shenyang (nordeste da China) informou que Liu se encontrava "em estado crítico".
De acordo com a instituição, o paciente sofreu um choque séptico, uma infecção abdominal e foi submetido à diálise.
"Como as autoridades controlam todas as informações relativas ao estado de saúde de Liu Xiaobo, é difícil verificar a veracidade dos comunicados publicados pelo hospital na Internet", disse à AFP o diretor chinês da Anistia Internacional, Patrick Poon.
"Alguém poderia perguntar de maneira legítima se as autoridades não publicam essas informações para justificar sua recusa a permitir que deixe o país", completou.
"Não sabemos em que medida são boletins médicos profissionais, ou informações manipuladas com fins políticos", declarou Maya Wang, da organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch.
Ontem, o governo dos Estados Unidos apresentou uma proposta à China para receber o dissidente e prêmio Nobel da Paz e lhe oferecer tratamento médico.