A polícia espanhola procura neste sábado (19) um dos últimos integrantes ainda foragidos da célula jihadista que cometeu os atentados de Barcelona e Cambrils, ambos reivindicados pelo grupo Estado Islâmico (EI), e que de acordo com o governo foi desarticulada.
Leia Também
- Espanha mantém alerta terrorista e reforça segurança em zona turística
- Atentado na Espanha: pai dos suspeitos marroquinos está 'abalado'
- A angústia de parentes e amigos após duplo atentado na Espanha
- Identificados corpos de três supostos autores de atentados na Espanha
- De férias na Espanha, Sasha Meneghel lamenta atentado em Barcelona
Depois do atentado de Barcelona, que deixou 13 mortos e mais de 120 feridos, a organização extremista reivindicou neste sábado o ataque de Cambrils, que matou uma pessoa e deixou seis feridas.
O governo decidiu manter, no entanto, o nível de alerta antiterrorista em 4 em uma escala até 5, por considerar que "não há elementos que apontem para a execução de um atentado de maneira iminente", afirmou o ministro do Interior, Juan Ignacio Zoido. O nível 5 implicaria a presença de militares nas ruas.
O ministro anunciou que a célula jihadista de 12 pessoas que cometeu os dois atentados foi "desmantelada". A polícia, no entanto, ainda procura o marroquino Younès Abouyaaqoub, de 22 anos, e divulgou uma fotografia do suspeito.
De acordo com a imprensa, ele seria o motorista da van que atropelou mais de 100 pessoas na quinta-feira à tarde na Rambla de Barcelona, atentado que deixou 13 vítimas fatais. A informação não foi confirmada pela polícia, que insiste que o motorista da van ainda não foi identificado.
França
Horas depois do ataque em Barcelona, um Audi A3 avançou contra os pedestres no calçadão de Cambrils, a 120 km de Barcelona, e só parou quando bateu em uma viatura da polícia catalã. Uma pessoa atropelada não resistiu aos ferimentos e faleceu no hospital na sexta-feira.
No tiroteio após o atropelamento, a polícia matou os cinco homens que estavam no veículo. Eles usavam falsos coletes de explosivos e estavam com um machado e facas.
O balanço a respeito dos 12 integrantes da célula é de cinco mortos, quatro detidos e três identificados.
Dois deles podem ter falecido na explosão que aconteceu na quarta-feira em uma casa de Alcanar, localidade a 200 km de Barcelona, onde o grupo tentava preparar explosivos.
Ao mesmo tempo, um veículo está sendo procurado na França, um modelo Kangoo de cor branca. As da Espanha repassaram as referências à polícia francesa.
Operação
Sete integrantes da célula têm vínculos com a cidade de Ripoll (10.000 habitantes), na região dos Pirineus, e onde a polícia realizou uma operação de busca neste sábado na casa de um imã, informou seu colega de apartamento.
Nourdden, amigo do imã, disse à AFP que ele era alguém "normal" e que o viu pela última vez na terça-feira: "Ele disse que encontraria a mulher no Marrocos".
O apartamento, ao qual a AFP teve acesso, é pequeno, com menos de 50 metros quadrados, e tinha uma decoração modesta. No quarto do imã não havia nada, exceto um colchão, uma pequena mesa e algumas prateleiras.
O imã foi identificado pela imprensa espanhola como Abdelbaki Es Satty e pode ser um dos dois mortos na explosão de Alcanar.
Em Ripoll moravam três criminosos mortos em Cambrils por agentes da polícia: Moussa Oukabir, de 17 anos, Said Aallaa, 18, e Mohamed Hychami, 24, todos marroquinos.
Na localidade, onde também morou Younes Abouyaaqoub, três suspeitos foram detidos.
"Eu o conhecia de vista, mas é uma pessoa da qual você não espera algo desse tipo", afirmou à AFP Joan Gallego, um vizinho de 47 anos, em referência ao jovem Younes.
"Fico surpreso porque eram boas pessoas, não tinham antecedentes", completou.
A morte de Moussa e a detenção de seu irmão Driss, de 27 anos, provocou um grande choque entre os amigos.
"Não mostravam nenhum sinal de radicalização. Viviam como jovens da sua idade e se vestiam como eles", afirmou, com lágrimas nos olhos, o pai de Moussa e Driss, Said, na cidade de Melouiya, na cordilheira marroquina de Atlas.
Feridos
O rei Felipe e a rainha Letizia visitaram neste sábado os feridos dos atentados no Hospital do Mar, em Barcelona. Também pretendiam visitar o hospital de Sant Pau.
Os ataques deixaram feridos de pelo menos 35 nacionalidades. Dezessete pessoas estavam entre a vida e a morte, de acordo com os médicos.
Na Rambla de Barcelona, a movimentação começa, aos poucos, a recuperar uma relativa normalidade, mas o clima permanece de luto.
Em meio às flores, ursos de pelúcia e muitas velas colocadas no local para homenagear as vítimas, um cartaz resume o sentimento: "Las Ramblas choram mas estão vivas".