Milhares de partidários do ex-presidente iemenita Ali Abdullah Saleh comemoraram nesta quinta-feira (24) o aniversário de seu partido, fazendo uma demonstração de força em um contexto de fortes tensões com seus aliados, os rebeldes huthis, que controlam a capital.
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Na guerra que domina o Iêmen, as forças leais a Saleh se aliaram aos rebeldes huthis, apoiados pelo Irã e que tomaram a capital Sanaa em setembro de 2014.
Manifestantes procedentes de diferentes regiões do país acamparam na praça Sabyin para celebrar o 35º aniversário da criação do Congresso Popular Geral (CPG), o partido de Saleh.
Na praça, via-se um mar de bandeiras nacionais, retratos do ex-presidente e cartazes de apoio ao dirigente que controlou o país por três décadas.
A dimensão da manifestação ilustra a capacidade de mobilização do CPG, uma formação nacionalista árabe que sobreviveu, como seu chefe, à chamada Primavera Árabe, movimento responsável pela queda de outros dirigentes e seus partidos.
Saleh, de 75 anos, fez uma breve aparição, na qual tentou mostrar que continua sendo um protagonista da política no Iêmen.
Solidez
"Somos uma formação política pioneira e com uma sólida base. Enfrentamos a agressão e os complôs desde 2011", afirmou, em referência ao ano em que se viu obrigado a deixar o poder ante a pressão popular.
Saleh recomendou a seus partidários paciência e resistência para fazer todos os complôs fracassarem.
Dirigentes do CPG criticam abertamente a gestão dos huthis, que atrasam o pagamento dos funcionários e militares que combatem as forças do governo reagrupadas no sul e apoiadas pela coalizão liderada pela Arábia Saudita.
Coalizão árabe
Segundo os analistas, os huthis suspeitam de que Saleh esteja negociando em segredo com a coalizão árabe que ajuda o governo reconhecido pela comunidade internacional.
Já o ex-presidente acusa os huthis de quererem concentrar todo poder.
Em função do ato desta quinta, os huthis estabeleceram pontos de controle nos acessos a Sanaa, mas não impediram que os partidários de Saleh chegassem à Sabyin.
Saleh se aliou em 2014 aos huthis, os quais havia combatido quando era chefe de Estado. Essa cooperação recente permitiu que ele expulsasse as forças pró-governo para o sul. Estas últimas conseguiram se salvar, graças à coalizão criada por Riad em 2015.
Desde então, o conflito deixou 8.400 mortos e 48.000 feridos, provocando uma grave crise humanitária, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).