solidariedade

Harvey: de bote, família parte em missão de resgate no Texas

Nesse caos, voluntários se unem aos socorristas

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Publicado em 29/08/2017 às 10:10
Foto: SCOTT OLSON / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / AFP
Nesse caos, voluntários se unem aos socorristas - FOTO: Foto: SCOTT OLSON / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / AFP
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Era para ser o primeiro dia de aula. Em vez disso, as irmãs Magee sobem em um bote com os pais para resgatar, ao longo de uma autoestrada inundada do Texas, amigos e conhecidos ameaçados pelas enchentes provocadas pela tempestade Harvey.

"É igual a ir pelo rio", ri Alissa Magee, de 34 anos, enquanto ela e o marido, Mike, de 37, transportam Carol Brown e seus quatro filhos para um ponto mais elevado em Hamshire, no Texas. "Nunca vi nada como isso", comentou Mike, um operário da construção civil, depois de idas e vindas na estrada interestadual 10 a bordo de sua embarcação, debaixo de um céu carregado e das chuvas torrenciais do Harvey.

Essa pequena comunidade de fazendeiros, tradicionalmente muito unida, situada a uma hora de carro ao leste de Houston, mobilizou-se na segunda-feira para ajudar os moradores a fugirem das inundações que os especialistas meteorológicos classificam como "catastróficas".

Propriedade rurais e veículos ficaram submersos, forçando milhares de pessoas a fugir, depois que o volume de quase um ano de chuva desabou em poucos dias. Nesse caos, voluntários se unem aos socorristas.

Os Magee observam um senhor com a água batendo na cintura, carros abandonados sob as águas, latões de lixo flutuando na corrente.

"A casa está afundando", diz Macee, a filha de quatro anos de Carol, ao ver a casa da avó.

Frangos também

Todos que têm algum bote e que ainda não partiram já estão se preparando.

"Deveríamos estar lá há três horas", explica Alissa, acrescentando que, no meio do caminho, foram encontrando pessoas que precisavam de ajuda.

"Foi simplesmente uma loucura", conta o filho de Carol, Gabriel Fulenchek, de 12 anos, ao descobrir a velocidade com que as águas subiram durante a noite. "Que diabos aconteceu com a minha casa?", pergunta.

O pai de seu padrasto, James Sargent, de 71 anos, ainda está de pé na varanda de casa, com a água pelos joelhos, enquanto frangos correm ao seu redor.

"Tudo praticamente se foi", lamentou.

"Ponha coletes salva-vidas nos frangos. Vamos levá-los também", diz Alissa.

Sargent e sua mulher, Lorena, mudaram-se do Oklahoma há 11 anos e estavam a quatro de terminar de pagar a hipoteca da casa de três quartos, quando o Harvey chegou.

"Vamos perder tudo", afirma.

"A água está a menos de dois centímetros da casa, e dizem que vai continuar subindo", completa.

No entorno do imóvel, a água alcança até 1,5 metro de profundidade.

O casal, que plantava flores e vegetais e criava frangos, estava até o ano passado com a propriedade coberta contra inundações. Mas Sargent contou que a seguradora cancelou a apólice abruptamente.

"Não há nada que se possa fazer. O mais importante é que estamos bem, nossa família está bem, e Deus nos ajudará", resigna-se.

Para fazer os resgates, qualquer veículo serve: de botes até um trator com plataforma cedido por um fazendeiro, conta Ron Nichols, coordenador de cuidados médicos não muito longe dali.

"Somos praticamente uma ilha, porque não temos recursos que possam chegar agora", relata Nichols.

Do meio-dia de sábado até a manhã de segunda-feira, sua equipe atendeu a 31 chamadas de emergência e resgatou 101 pessoas de suas casas, quase metade de sua média de 77 chamadas no mês.

Quando os Magee finalmente deixaram Carol a salvo no carro de um amigo, uma forte chuva deixou todos ensopados. Depois de deixarem seus próprios filhos seguros em seu carro, Alissa e Mike voltaram a partir no bote: desta vez, para resgatar os Sargent.

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