A Venezuela advertiu aos governos de Alemanha, Espanha, Itália e Reino Unido que haverá uma escalada nas ações diplomáticas se continuarem a se intrometer em seus assuntos internos, ao entregar-lhes notas de protesto nesta segunda-feira (4).
"Esperamos que essas ações não se repitam, foi o que dissemos aos embaixadores. Se não, teremos que avaliar medidas diplomáticas de magnitude mais profunda", assinalou o chanceler Jorge Arreaza à imprensa, após se reunir separadamente com os diplomatas.
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O ministro os convocou para repudiar críticas de seus governos contra o presidente Nicolás Maduro, diante da proibição de sair do país imposta pela Justiça a Lilian Tintori, esposa do opositor preso Leopoldo López.
Arreaza reprovou que os embaixadores de Alemanha, Espanha e Itália tenham acompanhado Tintori no sábado passado ao aeroporto, "quando pretendia fugir do país sendo sujeito de um processo judicial na Venezuela".
A esposa de López é investigada depois que, na terça-feira, a Polícia confiscou 200 milhões de bolívares que estavam em seu poder - uma quantia incomum em um país com restrições de acesso ao dinheiro vivo.
Segundo ela, os recursos seriam destinados ao tratamento de sua avó de 100 anos.
Tintori iria acompanhar Julio Borges, presidente do Parlamento de maioria opositora, em uma viagem pela Europa nesta semana, na qual se reunirá com o presidente da França, Emmanuel Macron; o chefe do Governo espanhol, Mariano Rajoy; a chanceler da Alemanha, Angela Merkel; e a primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May.
"Acreditamos, e assim dissemos aos embaixadores, que foram usados pela senhora Tintori, que tinha uma coletiva preparada [...] sabendo que não poderia sair", afirmou Arreaza.
O chanceler rechaçou, em particular, uma declaração de Rajoy que chamou de "grosseira e desrespeitosa", além de um comunicado do governo britânico reclamando que Caracas não deixou Tintori sair.
Para o ministro, que no fim de semana protestou contra o governo do Chile, esse "tipo de expressão é absolutamente impertinente e ofensivo com a democracia venezuelana e suas instituições".
Arreaza acusou o chanceler chileno, Heraldo Muñoz, de "impedir" um possível diálogo na Venezuela, depois que seu contraparte afirmou no Twitter que "é difícil acreditar em uma saída negociada" à grave crise política.