ELEIÇÕES

Confira os principais partidos da Alemanha

Desde a Segunda Guerra Mundial, todos os governos da antiga Alemanha ocidental e pós-unificação foram dirigidos ou pelo Partido Democrata-cristão

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Publicado em 23/09/2017 às 15:20
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Desde a Segunda Guerra Mundial, todos os governos da antiga Alemanha ocidental e pós-unificação foram dirigidos ou pelo Partido Democrata-cristão - FOTO: Foto: Jens Büttner / dpa / AFP
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Entrar no governo ou ficar na oposição? O sistema alemão de coalizões leva à criação de alianças entre conservadores e social-democratas, formações que a princípio são contrárias.   

Estes são os seis principais partidos que disputam as legislativas deste 24 de setembro e o que esperam de seus resultados: 

A chancelaria: o objetivo dos pesos-pesados

Desde a Segunda Guerra Mundial, todos os governos da antiga Alemanha ocidental e pós-unificação foram dirigidos ou pelo Partido Democrata-cristão (CDU), aliado com os conservadores da Baviera (CSU), ou pelos social-democratas do SPD. Os dois partidos rivais foram, inclusive, sócios em três "grandes coalizões", duas delas chefiadas por Angela Merkel, em 2005-2009 e a que está no poder desde 2013.

Francos favoritos nas pesquisas, ao que tudo indica os conservadores de Merkel parece vão manter a chancelaria com uma linha política de centro, mas será preciso buscar um ou mais sócios.

O SPD pode ter que se decidir entre colaborar com o governo ou situar-se na oposição. Talvez tiraria proveito "se passasse um tempo na oposição", explicou à AFP Timo Lochocki, cientista político do German Marshall Fund.

É que o partido mais antigo da Alemanha atravessa uma crise estratégica e ao mesmo tempo de identidade: sua situação como "sócio júnior" dos conservadores fez com que suas críticas a Merkel passassem despercebidas.

Além disso, o SPD perdeu parte de sua base popular após reformar, entre 2003 e 2005, o mercado de trabalho e as prestações sociais. Estas medidas, no entanto, são vistas como a fonte da prosperidade econômica alemã, um fato que favorece a chanceler.

Objetivos de liberais e Verdes

Os liberais do FDP, antes um 'partido oscilante', capaz de fazer e desfazer coalizões, sofreu tamanho revés eleitoral em 2013 (4,76% dos votos) que perderam presença na Câmara dos Deputados. Seu retorno à Bundestag, Câmara Baixa do Parlamento, seria uma vitória para a jovem direção do partido e os deixaria em uma boa situação para se aliar com os conservadores.

Os Verdes, que estiveram no governo de 1998 a 2005 sob a direção do SPD, terá que esclarecer sua posição. Governar desta vez com os conservadores e os liberais em uma aliança inédita em nível federal? Ou se aproximar da oposição do SPD e da esquerda radical?

A esta questão tática soma-se um debate de fundo: com o abandono progressivo da energia nuclear, decidido em 2011, e a adoção este ano do casamento homossexual, os Verdes perderam dois de seus temas históricos.

Objetivo do AfD e do Die Linke: consolidar-se na oposição

Criado em 2013, o partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD) fracassou no outono seguinte em sua tentativa de entrar na Bundestag. Agora, as pesquisas lhe dão 8% a 10%, o que garantiria sua presença desta vez.

Está longe, no entanto, dos 15% a 16% de intenções de voto que obteve no auge da crise dos refugiados.

O partido terá que solucionar as tensões internas, com uma direção que hesita entre seguir uma linha próxima da extrema direita ou ir além, pendendo para o nacional-conservadorismo.

O partido de esquerda radical Die Linke, criado em 2007 por ex-comunistas da antiga Alemanha do leste e por ex-membros do SPD, é parceiro da coalizão em vários governos regionais, entre eles o de Berlim.

Mas aliar-se, em nível federal, ao SPD parece improvável por enquanto. Seu discurso econômico socialista, sua reivindicação de tirar a Alemanha da Otan e abandonar a mobilização de tropas no exterior são linhas insuperáveis para os social-democratas.

Veja como funciona o sistema eleitoral alemão

Se a popular chanceler Angela Merkel tivesse de disputar eleições com um sistema similar ao dos Estados Unidos, certamente venceria com folga, mas as coisas não são tão simples no complexo sistema eleitoral alemão. 

No fim, seu partido conservador provavelmente será obrigado a buscar intricadas coalizões, inclusive com os maiores rivais, para conseguir manter Merkel no poder para um quarto mandato.

A situação é provocada pelo sistema eleitoral alemão do Pós-Guerra, que mistura o famoso "winner-takes-all" do Reino Unido e dos Estados Unidos com o sistema de representação proporcional, o qual permite a presença de partidos menores.

Principais dados

No total, 61,5 milhões de pessoas com mais de 18 anos estão registradas para votar e definir o novo governo do país de maior população da União Europeia e principal economia do bloco. Há 31,7 milhões de eleitoras e 29,8 milhões de eleitores.

Em 2013, a participação foi de 71,5%, levemente superior a de 2009 e muito acima do registrado em vários países do Ocidente.

Quando os alemães entram na cabine de votação, fazem duas marcações na cédula: uma, para o representante direto em seu distrito local; e outra, para o partido político que escolhem.

Barreira de 5%

A primeira votação serve para que cada um dos 299 distritos alemães tenha representação no Bundestag, a Câmara Baixa do Parlamento.

Na segunda, crucial, os cidadãos votam em um partido.

Antes da eleição, os partidos apresentam as "listas de candidatos" nos 16 estados. Os candidatos que encabeçam as listas têm mais chances de obter um mandato.

O partido que recebe mais votos consegue mais deputados no Bundestag.

Por exemplo, se um partido conquista três cadeiras diretas na primeira votação e dez na segunda votação, outras sete pessoas da lista do partido entrarão no Parlamento.

A situação se complica quando não existe um equilíbrio entre os votos diretos e os das listas, porque os eleitores "dividem" sua cédula.

Quando um partido conquista mais cadeiras diretas do que as que lhe cabem na segunda votação, pode reter as vagas. 

Por este motivo, o número de cadeiras do Bundestag pode superar as 598 oficiais. Após as eleições de 2013, a Câmara teve 630 deputados.

Outra norma estabelece que as legendas que não superam 5% na votação dos partidos ficam fora do Parlamento. A medida tem o objetivo de evitar uma excessiva fragmentação política.

Tanto os liberais do FDP quanto o partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha esperam superar essa barreira desta vez, o que não aconteceu em 2013.

Após a votação de domingo, a principal dúvida será qual aliança de partidos conseguirá a maioria absoluta para designar o chanceler.

Resultados de 2013

União Democrata Cristã (CDU) / União Social Cristã (CSU): 41,5% - 309 cadeiras

Partido Social-Democrata (SPD): 25,7% - 193 cadeiras

Die Linke (esquerda radical): 8,6% - 64 cadeiras

Verdes: 8,4% - 63 cadeiras

Partido Democrático Livre (FDP, liberais): 4,8% - 0 cadeira

Alternativa para a Alemanha (AfD, extrema-direita): 4,7% - 0 cadeira

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