POLÍTICA

Martin Schulz, um social-democrata que sonha com derrotar Merkel

Martin Schulz nasceu em 1955 em Eschweiler, região de Aachen, perto da fronteira com Bélgica e Holanda, o que o ajudou a ser poliglota

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Publicado em 23/09/2017 às 15:40
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Martin Schulz nasceu em 1955 em Eschweiler, região de Aachen, perto da fronteira com Bélgica e Holanda, o que o ajudou a ser poliglota - FOTO: Foto: John MACDOUGALL / AFP
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Seus amigos e inimigos concordam em um ponto: o social-democrata Martin Schulz, que sonha com virar o chanceler da Alemanha derrotando Angela Merkel, é um homem de caráter que espera frustrar todas as previsões para as eleições. 

Quando foi designado candidato do Partido Social-Democrata (SPD) em janeiro, a vitória parecia possível, e Schulz entrou na disputa com entusiasmo, estimulado por pesquisas favoráveis.

A letra de uma canção divulgada na plataforma de vídeos YouTube simbolizava sua ofensiva: "Que alegria, o trem de Schulz avança/ E não tem freios/ Avança a toda velocidade para a Chancelaria".

Meses depois, o trem parece ter ficado sem combustível. Uma pesquisa recente mostra 25% de apoio a Schulz, contra 51% de preferência para Merkel.

'Um agitador'

"Tudo parece indicar que já se conhece o nome do vencedor, assim como o do perdedor", escreveu a revista "Der Spiegel". E, apesar de Schulz prosseguir "seus esforços, tem grande dificuldade para se posicionar como alternativa à Angela Merkel".

Ainda assim, Schulz, de 62 anos, um homem de trajetória errática e imprevisível, acredita em suas chances. Ele já superou desafios complicados e é considerado um "homem do povo", contra a distante Merkel.

Martin Schulz nasceu em 1955 em Eschweiler, região de Aachen, perto da fronteira com Bélgica e Holanda, o que o ajudou a ser poliglota.

"Na escola, eu era um verdadeiro agitador", afirma Schulz, que deixou a escola sem obter um diploma.

À primeira vista, nada o destinava à política. Torcedor fanático do FC Colonia, Schulz queria ser jogador de futebol. Uma lesão no joelho acabou, porém, com seus sonhos.

Ele recorreu, então, ao álcool para esquecer: "Aos 20 anos eu era o cara mais louco de toda a Alemanha. O pior é que tinha a impressão diária de ter fracassado", recorda.

Schulz foi salvo por sua paixão por literatura e se tornou um livreiro em Wurselen, subúrbio de Aachen. Durante 12 anos, entre 1982 e 1994, dedicou-se a essa profissão.

Encarnação do eurocrata?

Desde jovem, no entanto, Martin Schulz foi um militante. Aos 19 anos, filiou-se ao SPD. Aos 31, foi eleito prefeito de Wurselen, o mais jovem da Renânia do Norte-Westfália. Permaneceu no cargo durante 11 anos, antes de ser eleito pela primeira vez para o Parlamento Europeu, em 1994.

A ascensão de Schulz - casado há 30 anos com uma paisagista - foi meteórica. Em 2000, o político se tornou líder da bancada dos deputados do SPD na Eurocâmara e, depois, foi eleito vice-líder dos deputados socialistas.

Em 2004, já estava à frente desse grupo político, o segundo maior do Parlamento Europeu, que reúne os eurodeputados alemães do SPD, os socialistas franceses, os trabalhistas britânicos e os democratas italianos.

A consagração veio com a presidência do Parlamento Europeu durante cinco anos (2012-2017), quando as bancadas já prestavam bastante atenção no político alemão.

Os críticos de Schulz ironizam sua pretensão de ser considerado uma "novidade", próximo ao povo alemão, quando, na realidade, consideram-no uma encarnação do eurocrata.

Martin Schulz rebate, alegando que sua trajetória europeia lhe dá a experiência necessária para aspirar ao posto de chefe do Governo de seu país.

A imprensa acredita que ele errou ao concentrar sua campanha na "justiça social" em uma Alemanha com uma saúde econômica que provoca inveja no restante do continente.

Quanto a seu desejo de tentar um novo mandato como líder do SPD mesmo em caso de derrota nas eleições, isso foi interpretado como algo em que nem mesmo ele acredita.

"Quem lutará por um candidato que parece ter aceitado a derrota?", questiona o jornal "Tagespiegel".

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