ELEIÇÕES

Merkel e Schulz encerram campanha eleitoral alemã em seus redutos

Schulz, muito abaixo nas pesquisas, irá para o outro extremo do país, em Aachen, perto de sua cidade natal

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Publicado em 23/09/2017 às 14:30
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Schulz, muito abaixo nas pesquisas, irá para o outro extremo do país, em Aachen, perto de sua cidade natal - FOTO: Foto: Jens Büttner / dpa / AFP
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A chanceler alemã Angela Merkel, favorita nas eleições deste domingo, e seu adversário social-democrata Martin Schulz realizam neste sábado, em seus respectivos redutos, os últimos atos de uma campanha marcada pela ascensão da direita nacionalista.

Na véspera da eleição, a chanceler conservadora de 63 anos visitou o quartel-general de sua campanha, em Berlim. "Cada voto conta!", falou aos partidários, que esperam que Merkel consiga um quarto mandato depois de 12 anos no poder.

Mais tarde, ela irá a sua zona eleitoral, na região de Mecklemburgo-Pomerânia ocidental, território da extinta RDA. 

Merkel aproveitará que no itinerário está a localidade de Greifswald, onde seu partido perdeu nas eleições regionais do ano passado para a formação da direita nacionalista Alternativa para a Alemanha (AfD). 

Oposição

Nas últimas semanas, o desgaste da União Cristão-Democrata (CDU) começou a ficar em evidência em vários comícios, com ativistas de ultradireita gritando slogans contra ela.

Em seu último grande comício na sexta-feira (22), em Munique, seu discurso foi acompanhado por muitas vaias.

Schulz, muito abaixo nas pesquisas, irá para o outro extremo do país, em Aachen, perto de sua cidade natal.

Com um terço de indecisos e uma grande perda de eleitores nas últimas pesquisas, o ex-presidente do Parlamento Europeu, de 61 anos, ainda não se rendeu.

Em um comício em Berlim, na sexta, acusou Merkel de ser a candidata da inércia.

Diante de milhares de pessoas reunidas, Schulz se mostrou mais combativo do que nunca, apesar dos maus resultados antecipados pelas pesquisas. O candidato social-democrata denunciou "a frieza social" de uma chanceler sem "visão de futuro".

Ele também atacou, com virulência, o partido de direita nacionalista Alternativa para a Alemanha (AfD), o qual classificou como "vergonha" para o país.

Mas, salvo as pesquisas se equivoquem, as apostas estão fechadas e, segundo as enquetes publicadas na véspera pelos institutos Insa e Forsa, a CDU de Merkel e seu aliado bávaro (CSU) obterão entre 34 e 36% dos votos.

Além disso, mais de um terço dos entrevistados ainda está indeciso sobre seu voto no domingo.

É a direita populista da Alternativa para a Alemanha (AfD) que registra um crescimento mais claro neste fim de campanha, chegando a entre 11% e 13% das intenções de voto.

A AfD radicalizou sua campanha, centrando seus ataques contra os imigrantes, os muçulmanos e contra o arrependimento pelos crimes nazistas.

"Acho que teremos um bom resultado. Esperamos ser a terceira força política do país", diz o simpatizante Arne Siegel, de 55 anos, durante um comício na quinta-feira à noite em Berlim.

"Europa, euro, migrantes, é preciso fazer emendas às leis para que nossos interesses, os interesses do povo alemão, sejam considerados", acrescentou.

Já os conservadores de Merkel não duvidam da vitória de sua líder. Este comportamento não apenas provocou uma campanha tediante, como irritou os simpatizantes do AfD, que viram nisso uma nova prova da "arrogância do poder de Merkel nos últimos anos", segundo a revista "Der Spiegel".

Fiel a seu estilo, a chanceler - que dirige o país há 12 anos - não propôs nada de muito concreto. Simplesmente lançou uma mensagem tranquilizadora de uma "Alemanha onde se vive bem", à margem dos riscos externos representados por Donald Trump, ou pelo Brexit.

A perspectiva da chegada da direita nacionalista ao parlamento - algo inédito para um partido desse tipo desde 1945 - gerou também uma série de polêmicas.

O braço direito de Angela Merkel na Chancelaria, Peter Altmaier, ganhou várias críticas - inclusive de seu próprio campo -, ao declarar que valia mais a pena se abster a votar no AfD.

O ministro das Relações Exteriores, o social-democrata Sigmar Gabriel, rebateu, denunciando uma "capitulação da CDU frente ao populismo de direita".

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