A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, confirmou neste domingo que vai liderar a formação de uma nova coalizão para iniciar seu quarto mandato como chefe de governo. O anúncio foi feito em seu discurso de vitória, proferido no quartel-general do Partido Cristão-Democrata (CDU), em Berlim. A atual premiê reconheceu que seu partido obteve um resultado inferior ao esperado, mas atribuiu isso ao desgaste provocado pelos 12 anos de exercício do poder.
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"O CDU esperava resultados melhores, mas não vamos esquecer, diante do desafio extraordinário, que nós atingimos nossos objetivos estratégicos: nós somos o partido mais forte", argumentou a chanceler, que vai dar início a seu quarto mandato. "Nós temos o mandato para formar o novo governo e nós vamos formar o novo governo."
Segundo Angela Merkel, um dos desafios de seu governo e de seu partido será retomar a confiança dos eleitores que nos últimos anos migraram para o Alternativa para a Alemanha (AfD), partido de extrema direita criado em 2013 e que, nesse intervalo, cresceu de 4,7% dos votos - sem direito a vagas no Parlamento - para cerca de 13%, tornando-se a terceira maior força política do país. "Essa também foi a eleição na qual vimos a chegada ao Parlamento do AfD. Nós vamos conduzir uma profunda análise. Nós queremos reconquistar os eleitores que votaram pelo AfD, e descobrir suas preocupações", sustentou.
A chanceler, que com a decisão do Partido Social-Democrata (SPD) de partir para a oposição tem apenas uma alternativa de coalizão, com Verdes e Liberais-Democratas, garantiu que seu quarto governo vai trabalhar para reunir os países da União Europeia em uma luta contra as causas da imigração. "Nós temos de trabalhar por um país justo e livre. Isso significa que vamos reunir todos os países da UE para combater as causas da imigração e da imigração ilegal. É claro que o tema da segurança é uma preocupação maior para pessoas, assim como a prosperidade", reforçou, sem mencionar os nomes de seus futuros aliados no governo. "Mas nós temos o mandato para assumir a responsabilidade, e nós vamos assumi-la agora com nosso parceiros."
CDU
De acordo com as projeções de boca-de-urna, o CDU deve reunir 217 deputados no Parlamento, com a maior bancada, mas em maioria absoluta - como é praxe na Alemanha. A segunda maior força política ainda será o SPD, com 134 deputados. O AfD terá o direito de ingressar no Bundestag pela primeira vez, por ter superado a cláusula de barreira, e terá a terceira maior bancada, com 89 deputados. Completarão o Parlamento o Partido Liberal-Democrata (FDP), com 70 parlamentares, o Partido Verde, com 62, e o Die Linke, de esquerda radical, com 59 deputados. Os números ainda dependem da apuração, que já teve início e deve apresentar resultados claros até o final da noite deste domingo. (Andrei Netto, enviado especial)