Vladimir Putin e o rei Salman da Arábia Saudita, tradicional aliado de Washington, concluíram nesta quinta-feira (5) importantes acordos militares e energéticos, por ocasião da primeira visita do governante saudita à Rússia.
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O anúncio de um contrato que prepara o caminho para a compra por Riad de sistemas russos de defesa antiaérea S-400, entre outros documentos representando bilhões de dólares, marca vários meses de diálogo e simboliza o crescente papel desempenhado por Moscou no Oriente Médio.
"Esta visita dará um novo impulso ao desenvolvimento das relações bilaterais", declarou Putin ao abrir seu encontro com o rei Salman.
Os acordos assinados "permitem elevar a parceria russo-saudita a um novo nível", acrescentou o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, após as negociações.
No total, foram assinados cerca de 15 acordos que representam "bilhões de dólares", conforme o presidente do fundo russo de investimentos diretos, Kiril Dmitriev.
Entre eles, um memorando de entendimento assinado pelo Consórcio de Indústrias Militares Saudita (Sami) e a agência russa encarregada das exportações de equipamento militar Rosoboronexport.
Além da compra dos S-400, o acerto prevê a aquisição de sistemas antitanque, lançadores de foguetes e granadas e fuzis de assalto, segundo um comunicado saudita.
"O memorando de acordo inclui a transferência de tecnologia para a produção local" do sistema antitanques Kornet, que usa mísseis teleguiados, bem como de baterias de lançadores de foguetes e granadas automáticos.
"Além disso, as partes cooperaram para traçar um plano para transferir a fabricação e o fornecimento de partes do sistema de defesa aérea S-400", explicou o comunicado do Sami.
Dois outros acordos preveem o estabelecimento de dois fundos comuns de investimento no domínio energético e de tecnologia, por um bilhão de dólares cada.
'Ator importante'
Esses acordos devem ser colocados em perspectiva, porém, já que, com Washington, a Arábia Saudita assinou 110 bilhões de dólares em contratos de venda de armamentos, em maio, durante a visita do presidente Donald Trump a Riad.
"Mas a Arábia Saudita reconhece a Rússia como um ator importante na região, enquanto dois ou três anos atrás a retórica era diferente, inclusive com ameaças diretas", ressalta o analista político Fiodor Lukianov.
Rússia e Arábia Saudita estão entre os principais atores do conflito na Síria, país que teve em setembro seu registro mais letal em 2017. Foram pelo menos 3.000 mortos, de acordo com o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).
Assim como acontece em relação ao conflito no Iêmen, há desentendimentos entre os dois países sobre a questão síria: Moscou apoia o governo de Bashar al-Assad, e Riad, a oposição.
Evocando uma troca "franca" sobre a situação no Oriente Médio e na África do Norte, Lavrov assegurou que os dois líderes compartilhavam "a necessidade de alcançar um diálogo respeitoso entre todas as partes interessadas para resolver esses problemas".
A União Soviética foi o primeiro Estado a reconhecer o reino da Arábia Saudita em 1926, mas nenhum líder saudita visitou a URSS, ou a Rússia. Putin visitou a Arábia Saudita pela primeira vez apenas em 2007.
A recente aproximação entre Moscou e Riad foi favorecida por seu papel no acordo entre os principais produtores de petróleo para conter a queda dos preços, que atingiu suas economias em pleno vigor.