Estado Islâmico

Raqa está em ruínas após expulsão do Estado Islâmico

Capital da Síria foi retomada oficialmente do Estado Islâmico nesta terça-feira (17)

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Publicado em 18/10/2017 às 10:29
Foto: BULENT KILIC / AFP
Capital da Síria foi retomada oficialmente do Estado Islâmico nesta terça-feira (17) - FOTO: Foto: BULENT KILIC / AFP
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Os combatentes sírios começaram, nesta quarta-feira (18), a ocupar a cidade devastada de Raqa e pediram aos civis que não retornem imediatamente para a localidade, um dia após a reconquista deste reduto na Síria das mãos do grupo extremista Estado Islâmico (EI).

Apesar da queda de Raqa, a "capital" de fato do EI neste país em guerra, a aliança de combatentes árabes e curdos apoiada por Washington ainda procuram eventuais "jihadistas" escondidos em túneis, ou em edifícios na cidade.

As Forças Democráticas Sírias (FDS) garantem que "não há mais células latentes", afirmou à AFP Mustefa Bali, no dia seguinte ao anúncio do fim das operações militares.

"O processo para limpar a localidade das minas terrestres e para reabrir as principais artérias continuam", disse ele, explicando que "é só depois do final dessas operações que anunciaremos a libertação oficial" da cidade.

O porta-voz advertiu para o risco de um retorno precipitado dos civis que fugiram da cidade bombardeada por mais de quatro meses.

'Patético'

Os habitantes da cidade devastada não devem "voltar sem coordenação, porque (a cidade) está cheia de minas", indicou Bali, acrescentando que seu retorno "neste momento é muito difícil".

A perda de Raqa, cidade emblemática do reinado do terror imposto pelo EI nos territórios sob seu controle na Síria e no Iraque, é um derrota de peso para o EI, que vê seu "califado" autoproclamado em 2014 desmoronar.

A cidade servia de centro de planejamento para ataques mortíferos em todo mundo.

O grupo que "se dizia todo-poderoso, hoje é patético e uma causa perdida", tuitou o enviado americano para a coalizão internacional liderada por Washington, Brett McGurk.

Apesar do anúncio da queda de Raqa, o destino de dezenas de extremistas estrangeiros que permaneceram até o final da batalha continua a ser um mistério. Não há imagens de corpos, ou de prisioneiros.

"Alguns se renderam, outros morreram", afirmou Talal Sello, um porta-voz das FDS, sem mais detalhes.

De acordo com o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), a maioria dos jihadistas estrangeiros se rendeu e está nas mãos dos serviços de Inteligência ocidentais.

"Eles não são visíveis, porque os serviços de Inteligência os mantêm", disse o diretor do OSDH, Rami Abdel Rahmane, à AFP.

"Os extremistas franceses e belgas estão, com certeza, nas mãos dos serviços de Inteligência" desses dois países, garantiu.

A coalizão internacional que apoiou a batalha contra o EI com seus ataques aéreos indicou que os jihadistas que se renderam foram "interrogados".

O porta-voz da coalizão, o coronel americano Ryan Dillon, declarou à AFP que cerca de 350 combatentes do EI se renderam "nas últimas 96 horas", evocando "quatro estrangeiros" entre eles.

'O momento que esperávamos'

Logo após o anúncio da tomada de Raqa, os combatentes das FDS ocuparam simbolicamente o cruzamento de Al-Naïm, onde a organização extremista realizava suas decapitações e outras atrocidades.

Alguns estavam muito emocionados, outros sorridentes, tirando fotos e brandindo a bandeira amarela das FDS.

"Este era o momento que esperávamos", declarou Hazem Kobane, um combatente de 23 anos.

Ao redor, uma paisagem de desolação, com prédios em ruínas, ruas cheias de escombros e carcaças de veículos, uma cidade devastada por mais de quatro meses de combatentes e bombardeios aéreos.

Durante este período, os combates deixaram 3.250 mortos - 1.130 civis, incluindo 270 crianças, e 2.120 combatentes dos dois lados -, segundo o OSDH.

"Quando minha irmã me anunciou a libertação da cidade, começou a chorar e eu também. Deus, obrigado", afirmou Oum Abdallah, estabelecido em Kobane, ao norte de Raqa.

Há meses, a organização ultrarradical sunita têm sofrido uma série de derrotas no Iraque e na Síria.

Na Síria, o grupo ainda está presente, em pequeno número, no centro e na periferia de Damasco. Seu último reduto é a província de Deir Ezzor (leste), na fronteira com o Iraque.

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