O grupo Estado Islâmico (EI) foi acusado nesta segunda-feira de ter executado pelo menos 116 civis em uma cidade da região central da Síria, antes da expulsão dos extremistas da localidade no sábado pelas tropas de Damasco.
Leia Também
- Forças apoiadas pelos EUA retomam capital do Estado Islâmico na Síria
- Turquia instala 'postos de observação' na província síria de Idlib
- Dezoito mortos em atentado do EI contra deslocados na Síria
- Síria e Líbano formarão uma frente contra Israel, diz ministro
- Acidente com avião militar russo na Síria deixa tripulação morta
Alvo de múltiplas ofensivas, o EI tem sofrido há meses seguidas derrotas na Síria e no Iraque. O grupo ultrarradical sunita acaba de ser expulso por uma aliança de combatentes curdos e árabes de Raqa, sua "capital" na Síria, e vê desmoronar seu califado proclamado nas regiões conquistadas em 2014.
Contudo, os extremistas ainda são capazes de reagir de forma mortal, por meio de atentados e execuções.
"Durante os 20 dias em que controlou Al-Qaryatayn, o EI executou pelo menos 116 civis em represália, acusados de colaborar com as tropas do regime" de Bashar al-Assad, afirmou nesta segunda-feira à AFP Rami Abdel Rahman, diretor da ONG Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).
"Depois da retomada da cidade situada na província de Homs, os habitantes encontraram cadáveres nas ruas, nas casas e em outros lugares", afirmou Rahman.
"Alguns foram assassinados com armas brancas, outros por bala", completou.
De acordo com as fontes do OSDH, muitas vítimas morreram nos últimos dois dias antes da fuga dos jihadistas de Al-Qaryatayn.
O grupo EI havia retomado no dia 1º de outubro a localidade, que tem uma minoria cristã e várias igrejas. Alguns templos foram vandalizados pelos jihadistas. A organização extremista havia capturado a cidade pela primeira vez em agosto de 2015, e pouco menos de um ano depois foi expulsa.
De acordo com o OSDH, o regime sírio retomou a cidade no sábado, depois da retirada de mais de 200 membros do EI, que seguiram em direção a Badiya, o grande deserto do centro do país.
Ofensivas distintas
Após a recente perda de Raqa, a sua última fortaleza na Síria, o EI se dispersou ao longo do rio Eufrates, na província de Deir Ezzor (leste), que controla 40%.
Esta região rica em petróleo estava quase inteiramente em suas mãos há alguns meses.
Seu último reduto urbano na Síria é a cidade de Bukamal, localizada na fronteira com o Iraque, na mesma província de Deir Ezzor.
Os combates continuam, e a organização jihadista é confrontada com duas ofensivas distintas: uma liderada pelo regime sírio e seu aliado russo, e outra conduzida pela aliança árabe-curda das Forças Democráticas Sírias (FDS), apoiada pelos Estados Unidos.
Também na província de Deir Ezzor, o EI controla, de acordo com a OSDH, cerca de 8% da capital de mesmo nome, ou seja, um punhado de bairros nesta cidade que originalmente tinha mais de 100 mil habitantes.
Em outras partes da Síria, a organização ultrarradical controla alguns poucos bolsões: vilarejos recentemente recapturadas na província de Hama (centro) e partes do campo de refugiados palestinos de Yarmuk, no sul de Damasco.
Finalmente, no sul sírio, um pequeno grupo que jurou fidelidade ao EI, o Exército Khaled bin al-Walid, ainda está ativo.