O presidente americano, Donald Trump, iniciou nesta quarta-feira (8), em Pequim, a etapa mais delicada de sua viagem pela Ásia, dedicada principalmente a forjar uma frente comum contra as ambições nucleares da Coreia do Norte.
Trump pôde visitar em caráter privado a Cidade Proibida e assistiu a uma operação de ópera em suas primeiras horas na capital chinesa, à qual chegou vindo de Seul, para uma visita de pouco mais de 48 horas.
Em uma mensagem postada no Twitter, Trump agradeceu ao contraparte chinês, Xi Jinping, por "esta tarde e noite inesquecíveis na Cidade Proibida", retuitando uma postagem da AFP (@AFP) com uma foto dos dois casais presidenciais, de costas, olhando a Cidade Proibida.
Há um ano, quando Trump ainda era candidato à Casa Branca, a China era um de seus vilões preferidos, um país a quem o presidenciável acusou de ter "roubado" milhões de empregos americanos.
Nas últimas semanas, no entanto, Trump elogiou Xi Jinping, de quem espera ajuda em sua missão contra a Coreia do Norte e uma redução do enorme excedente comercial da China em relação aos Estados Unidos.
"Espero com muito impaciência a reunião com o presidente Xi, que acaba de obter uma grande vitória política", escreveu Trump no Twitter algumas horas antes de chegar a Pequim.
Trump se referia ao novo mandato de cinco anos obtido por Xi no recente congresso do Partido Comunista da China (PCCh) e, portanto, à frente do país mais populoso do mundo.
"Ele o elogia para preparar o terreno e deixá-lo de bom humor porque tem coisas desagradáveis a dizer", opinou o sinólogo Jean-Pierre Cabestan, da Universidade Batista de Hong Kong.
Apesar de a China ter aprovado as últimas sanções da ONU contra a Coreia do Norte e prometido aplicá-las, Washington deseja que Pequim faça mais para asfixiar economicamente Pyongyang.
"Prosseguem os intercâmbios comerciais na fronteira sino-coreana", afirmou uma fonte do governo americana à imprensa no avião que transportou Trump a Pequim.
"Vamos trabalhar estreitamente com os os chineses para identificar estas atividades e acabar com elas", completou.
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Pressionando o regime de Pyongyang
A China, responsável por 90% do comércio com a Coreia do Norte, está em uma posição crucial para pressionar o regime de Kim Jong-Un, que em setembro realizou um novo teste nuclear.
Antes de viajar a China, Trump fez em Seul uma nova advertência ao regime norte-coreano, com o apelo para que abandone o programa nuclear e saia do isolamento através da diplomacia.
"Não nos subestimem, não nos provoquem", declarou Trump em um discurso no Parlamento de Seul.
"Todas as nações responsáveis devem unir suas forças para isolar o brutal regime da Coreia do Norte", insistiu Trump diante dos deputados sul-coreanos.
"Não se pode apoiar, fornecer ou aceitar", completou, em referência à China e à Rússia.
Em seu discurso, Trump chamou o regime de Pyongyang de "cruel ditadura", mas ofereceu ao líder norte-coreano "um caminho para um futuro melhor".
Acordos comerciais
As relações comerciais com a China serão o outro grande tema abordado durante a visita de Trump.
"Responder ao desequilíbrio do comércio com a China está no centro das conversações entre o presidente Trump e o presidente Xi", declarou o secretário americano do Comércio, Wilbur Ross.
"Conseguir um tratamento equitativo e recíproco para as empresas é um objetivo comum", acrescentou.
Empresas da China e dos Estados Unidos assinaram nesta quarta-feira em Pequim 20 acordos comerciais avaliados em nove bilhões de dólares.
Durante a cerimônia de assinatura, o vice-primeiro-ministro chinês Wang Yang chamou os acordos de "aquecimento" antes da reunião de cúpula de quinta-feira, na qual Trump e Xi assinarão contratos nos setores de gás e da soja.
A bordo do avião que levava Trump a Pequim, um alto funcionário da administração americana comentou os "graves desequilíbrios na relação econômica bilateral, não apenas o déficit comercial, como também as regras injustas, como as transferências de tecnologia impostas às empresas americanas".
O déficit comercial americano a respeito da China não dá sinais de redução um ano depois da eleição de Trump.
Enquanto o presidente americano desembarcava em Pequim, a administração alfandegária chinesa publicou que o excedente comercial com os Estados Unidos nos primeiros 10 meses do ano alcançou 223 bilhões de dólares, 8% a mais na comparação com o mesmo período de 2016.