O Irã se tornará uma "nova Coreia do Norte" se os Estados Unidos abandonarem o acordo nuclear assinado com esse país, alertou o presidente francês, Emmanuel Macron, em uma entrevista publicada nesta quinta-feira (9).
"Se você quer acabar com qualquer relação do Irã com a atividade nuclear, você criará uma nova Coreia do Norte", disse Macron à revista Time, lembrando de suas conversas com o presidente americano, Donald Trump. "Se acabar com o acordo de 2015, cual é a sua outra opção? Lançar uma guerra? Atacar o Irã? Acho que seria uma loucura", acrescentou.
Macron se referiu ao compromisso firmado em 2015 entre Teerã e seis potências, incluindo Estados Unidos e França, como "o melhor acordo possível com o Irã".
Argumentando que o acordo é muito brando, Trump se recusou em 13 de outubro a "certificar" o texto negociado.
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Retirada dos EUA do acordo
A bola então passou ao Congresso, que foi solicitado pelo presidente a endurecer o tratado. Trump ameaça com a retirada dos Estados Unidos do acordo, caso suas exigências não sejam atendidas.
Para Macron, se isso acontecer a situação pode piorar.
"Porque foi exatamente o que aconteceu com a Coreia do Norte. E logo você acordará 10 ou 12 anos sem qualquer controle, mas com armas nucleares" no Irã, afirmou.
Macron disse que quer que Washington se una a uma iniciativa separada para pressionar o Irã a deixar de fornecer mísseis balísticos a seus aliados na região, em referência ao míssil lançado na semana passada contra a Arábia Saudita pelos rebeldes huthis no Iêmen.
"Deveríamos negociar uma série de critérios e um novo tratado com o Irã para deter suas atividades balísticas na região", apontou.
O mandatário francês também explicou por que Trump não foi convidado para a cúpula sobre o clima de Paris em dezembro.
"Fui muito claro desde o princípio que não haveria nenhuma renegociação do Acordo de Paris", o tratado global de 2015 para combater as mudanças climáticas, disse.
Os Estados Unidos são o único país do mundo fora do acordo.
"Não se pode renegociar com mais de 180, 190 países", disse Macron, insistindo que Trump "reveja sua decisão".