A China enviará um emissário especial para a Coreia do Norte logo após a viagem pela Ásia do presidente americano Donald Trump, que pediu a Pequim para reforçar a pressão sobre Pyongyang.
O representante do presidente chinês Xi Jinping, Song Tao, irá à Coreia do Norte para falar sobre o congresso quinquenal do Partido Comunista Chinês (CCP) e de "assuntos de interesse comum", indicou nesta quarta-feira (15) Geng Shuang, porta-voz do Ministério de Relações Exteriores.
A agência de imprensa oficial norte-coreana KCNA confirmou a viagem do representante chinês.
Essa é uma visita excepcional, pois as relações entre Pequim e Pyongyang se degradaram devido ao programa nuclear e balístico norte-coreano, e Xi não se encontra com o líder norte-coreano, Kim Jong-Un, desde que ele chegou ao poder no fim de 2011.
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O envio de Song Tao, que é também responsável pelo "escritório de ligação internacional" do partido, é a primeira viagem de um funcionário de alto escalão chinês ao país desde a visita do vice-ministro de Relações Exteriores, Liu Zhenmin, em outubro de 2016.
O anúncio de Pequim foi feito após Trump encerrar, nesta terça-feira, uma viagem de 12 dias pela Ásia, na qual alertou que "o tempo urge" diante das ambições nucleares de Pyongyang.
Para Washington, a China - principal apoio diplomático e econômico da Coreia do Norte - desempenha um papel-chave.
Pequim aprovou e implementou recentemente vários pacotes de sanções contra Pyongyang votados na ONU, que afetaram, principalmente, as compras de carvão e minerais norte-coreanos.
Em sua visita a China na semana passada, Trump, pediu que Xi se envolvesse plenamente na resolução da crise com a Coreia do Norte, que em setembro realizou um novo teste nuclear.
Sanções mais duras?
"A China pode resolver este problema de forma fácil e rápida", disse Trump diante de Xi, antes de garantir, em um tuíte, que o presidente chinês tinha aceitado "endurecer as sanções".
Contudo, a China não anunciou novas medidas desde então.
O enviado chinês deve "levar a Pyongyang o consenso sino-americano (sobre a desnuclearização da península) e ver onde pode haver avanços. A China intensifica seus esforços diplomáticos", disse à AFP Wang Dong, professor da Universidade de Pequim.
Devido à última bateria de sanções da ONU, Pequim mandou, no fim de setembro, as empresas norte-coreanas estabelecidas na China encerrarem suas atividades antes de janeiro e se comprometeu a reduzir suas exportações de produtores petroleiros refinados ao vizinho.
Mas Washington pede que o gigante asiático faça mais para assustar economicamente Pyongyang.
Contudo, a diplomacia chinesa afirma que quer se limitar unicamente às restrições adotadas no âmbito da ONU e denuncia as "sanções unilaterais" tomadas por Washington, muitas das quais afetam entidades chinesas acusadas de fazer negócios com a Coreia do Norte.
'Cheiro de pólvora'
A China defende "a preservação da paz e a resolução da crise pelo diálogo e pela negociação", insistiu Geng Shuang.
Pequim defende, como Moscou, uma "dupla moratória": interrupção simultânea de testes balísticos e nucleares de Pyongyang e das manobras militares conjuntas de Estados Unidos e Coreia do Sul. Mas Washington não considera isso uma possibilidade.
A turnê de Trump pela Ásia foi precedida por um "forte cheio de pólvora" entre Washington e Pyongyang, e o representante especial chinês tratará de "persuadir" o regime de Kim Jong-Un para que volte à mesa de negociações, considerou Wang Dong.
"A crise chegou a um ponto em que um passo em falso dos Estados Unidos ou da Coreia do Norte pode levar a um cenário catastrófico para Pequim, acrescentou Wang. Para evitar isso, "a China faz de tudo para trabalhar com ambos".