Sem solenidades, Cuba recorda neste sábado (25) Fidel Castro, no primeiro aniversário de sua morte, num dia de poemas, canções e discursos, que só rivalizam com os chamados para as eleições municipais de domingo.
Leia Também
- Desesperança reina entre cubanos no aniversário da morte de Fidel
- Trump mantém fidelidade de partidários em zonas rurais dos EUA
- Integrante da tropa de choque de Temer chama PSDB de demagogo e cobra fidelidade
- Thaís Fidelis fica em 4º no solo no Mundial de Ginástica
- Maduro faz viagem surpresa a Cuba para homenagear Fidel
O ato mais importante será ao entardecer nos degraus da escadaria da Universidade de Havana, tribuna frequentemente usada por Fidel em seus discursos incendiários.
A União dos Jovens Comunistas (UJC) convocou os estudantes e outros jovens para uma "noite político-cultural" para marcar "o primeiro aniversário do desaparecimento físico do Comandante-em-Chefe".
Não se descarta a participação de seu irmão, Raúl Castro, que o substituiu na presidência de Cuba em 2006, já que o governo não planejou nenhuma comemoração oficial, inspirado na rejeição do culto à personalidade defendida por Fidel e que o Parlamento referendou legalmente.
Falecido aos 90 anos, 48 ??deles à frente do governo de Cuba, Fidel despertou paixões extremas entre os cubanos. Ninguém é indiferente. E como há um ano, seus inimigos em Cuba estão em silêncio neste dia.
O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, enviou uma carta ao seu homólogo cubano, Raúl Castro, na qual garante que "Fidel também está conosco, os bolivarianos, em nossa resistência e em nossas vitórias".
No texto reproduzido integralmente no Twitter, Maduro garante "seu amigo Hugo (Chávez), o melhor amigo de Cuba e nosso Eterno Comandante, o amou como a um pai".
O neto do líder cubano, Fidel Antonio Castro, narrou em um discurso recente, publicado neste sábado, suas experiências pessoais com o avô. Ele se lembra dele como "sempre eterno e invicto", mas também idoso e convalescente.
"Calçar suas meias, ler para ele, sofrer mais quando o via sentir dor, me alegrar mais com seu sorriso, servir-lhe uma taça de vinho (e também me servir um pouco do seu, depois de ter certeza de que estivesse com um humor excelente)", brincou o doutor em Ciências.
Quando este ateísta-marxista educado pelos jesuítas morreu, houve uma novena de luto em Cuba até que suas cinzas fossem depositadas em um monólito em Santiago de Cuba (sudeste).
Eleições
Mais de oito dos 11,1 milhões de cubanos são convocados no domingo para votar nas eleições municipais, um processo sem surpresas, que deve terminar em fevereiro com um novo presidente, como parte de uma mudança geracional, prevista pelos dois irmãos.
Votar em Cuba não é obrigatório legalmente, mas é considerado um ato político de apoio ao governo, o que significa que alguns meios de comunicação usam a figura de Fidel para convocar os cubanos às urnas.
Embora parte da dissidência tenha defendido a participação nas eleições, seus candidatos foram impedidos, desencorajados à força ou derrotados nas indicações de vizinhança.
O candidato que substituirá Raúl na presidência ainda não foi anunciado oficialmente. Ele iniciará uma nova era pós-Castro, mesmo que o presidente mantenha o cargo mais importante em Cuba, o do secretário-geral do Partido Comunista (PCC), até o próximo Congresso em 2021.
"Qualquer novo governo depois de Raúl Castro deverá ser, por natureza, coletivo, porque o país não vive um momento carismático e nenhum dos líderes da nova geração tem capital político para ditar a política, além das atribuições de seu cargo", afirmou à AFP Arturo López-Levy, da Universidade do Texas-Rio Grande Valley.
No entanto, muitos olhos observam o atual primeiro vice-presidente, Miguel Díaz-Canel, um engenheiro de 57 anos.
Antecipando até os menores detalhes de todos os movimentos futuros, não seria estranho que o próximo candidato à presidência em Cuba tenha sido aprovado por Fidel antes de sua morte.