O senador democrata Doug Jones venceu as eleições para o senado no Alabama nessa terça-feira (12), impondo uma derrota ao presidente Donald Trump, que apoiava um republicano acusado de ter assediado menores, informaram as redes de televisão CNN e Fox News.
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A participação foi alta, particularmente nas regiões de maioria negra, favoráveis aos democratas.
Trump apostou em Roy Moore, um ex-magistrado conservador que queria levar ao Senado seu ativismo religioso, mas que há um mês foi acusado de ter tocado e assediado dois menores na década de 1970.
Mas o eleitorado optou por Jones, que disputava as eleições "mais importantes" da história do estado.
"Temos o sentimento do dever cumprido, após ter começado (esta corrida) com uma equipe pequena", afirmou o candidato democrata, um ex-procurador-federal de 63 anos.
Moore, que chegou a cavalo a uma seção eleitoral na localidade rural de Gallant, desafiou a imprensa: "não tenho medo dos jornalistas, devem parar de escrever coisas falsas".
Polêmica
A polêmica a respeito de Moore criou um debate dentro do Partido Republicano e abriu a possibilidade para a vaga passar às mãos dos democratas, algo inédito em um quarto de século.
Congressistas e personalidades relevantes do partido pediram que Moore se retirasse, mas acabaram resignando-se a uma espécie de derrota.
Com o resultado, a maioria republicana na Câmara Alta do Congresso americano fica com 51 dos cem assentos, uma margem de manobra muito reduzida para assegurar a aprovação de suas propostas.
Diante desta situação, Trump entrou em cheio na campanha para tentar conservar a cadeira deixada vaga por Jeff Sessions, ao ser nomeado procurador-geral, sem pensar nas eleições legislativas de 2018 ou em como ficaria a imagem dos republicanos.
"Fake news"
"Preciso que o Alabama vote em Roy Moore", repetiu Trump na segunda-feira.
Moore adotou a estratégia trumpista e qualificou de "fake news" (notícias falsas) as acusações das mulheres.
Além de seu discurso tradicional contra o acordo, os homossexuais e os transgênero, retomou os grandes temas das presidenciais, como a imigração ilegal e a defesa, destacando-se como um parceiro de confiança do presidente.
Sua esposa, Kayla, defendeu, ainda, sua honra e rejeitou as acusações de racista, sexista e antissemita. "Nosso advogado é judeu", declarou, por exemplo.
Doug Jones também recebeu o apoio do seu partido. O ex-presidente Barack Obama pediu votos para Jones em uma tentativa de mobilizar a população negra, que representa um quarto dos eleitores e pode ser decisiva no resultado.
Jones também buscou o apoio dos republicanos moderados e das classes atlas, que podem se sentir incomodados com as acusações a respeito de Moore.