Catalunha

Eleições da Catalunha com expectativa de recorde em participação

Eleições escolherão deputados do parlamento que tem o poder de indicar um novo presidente

Taíza Brito
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Taíza Brito
Publicado em 20/12/2017 às 11:17
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Eleições escolherão deputados do parlamento que tem o poder de indicar um novo presidente - FOTO: Foto: AFP
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BARCELONA – Espera-se um recorde de participação nas eleições da Catalunha nesta quinta-feira (20), quando serão escolhidos os 135 deputados do parlamento com poder para indicar o novo presidente. Convocado extraordinariamente pelo primeiro ministro da Espanha, Mariano Rajoy, após intervir no governo local e dissolver o parlamento regional, o pleito acontece após uma campanha anormal, com candidatos na cadeia e outros no exílio.

Os últimos sondeios eleitorais apontam que mais de 80% dos 5,5 milhões de eleitores aptos a votar pretendem comparecer as urnas. E que os 500 mil que figuram como indecisivos podem decantar a balança a favor do bloco independentista ou unionistas, que aparecem empatados na maioria dos cenários, com possibilidades de somarem os 68 deputados necessários para liderar o parlamento.

Do lado independentista lutam pela maioria Juntos pela Catalunha, Esquerda Republicana da Catalunha (ERC) e Candidatura de Unidade Popular (CUP). Entre os unionistas, a disputa está entre Cidadãos, Partido Socialista Cristão (PSC) e o Partido Popular (PP) de Rajoy, que em todas as pesquisas aparece como o perdedor das eleições, com previsão de obter o menor número de deputados entre as 11 formações que disputam o pleito.

O presidente cessado Carlos Puigdemont, exilado em Bruxelas, cabeça de chapa de Juntos pela Catalunha, que reúne membros do Partido Democrata Europeu Catalão (PDeCAT) e nomes de várias esferas da sociedade catalã, desponta como um dos preferidos, com ascensão nas intenções de votos. Isso num cenário adverso, uma vez que foi obrigado a fazer campanha através de canais online com transmissão da Bélgica, por estar ameaçado de prisão caso volte à Catalunha.

O número 2 da chapa de Puigdemont, Jordi Sànchez, ex-presidente da Assembleia Nacional Catalã (ANC), não pode fazer campanha por estar preso em Madri sob acusação de sedição. Na última semana, foi punido na cadeia, sendo transferido de cela e proibido de falar até com a afmília por ter gravado uma mendagem de apoio a Puigdemont numa das ligações telefônicas a que tinha direito.

O vice-presidente Cassado, Oriol Junqueiras (ERC), preso em Madri sob acusação de sedição, rebelião e malversação de fundos públicos, mesmo proibido de fazer campanha, também desponta com possiblidade de arrebanhar maioria votos para a chapa que encabeça. A CUP, com Carles Riera, completa o bloco, e poderia eleger 10 deputados no parlamento.

Expectativa

Os independentistas tentam repetir ou superar os números de 2015, quando conseguiram a maioria no parlamento, elegendo 72 deputados, sendo 62 da então coligação Juntos pelo Sim (PDeCAT e ERC) e 10 da CUP.

A ameaça ao bloco independentista é Ines Arrimadas, a líder de Cidadãos, que emparelhou nas pesquisas com Puigdemont e Junqueiras. A jovem política, líder da oposição no parlamento na última legislatura, animou os unionistas, entre eles os grupos de extrema direita, por defender a reformulação do programas das escolas, a quem acusa de doutrinação contra Espanha, reduzindo o ensino do catalão e ampliando o do castelhano. Durante a campanha também defendeu a censura aos meios de comunicação pública. Miguel Iceta, do PSC, que deu apoio a aplicação das medidas repressivas na Catalunha, se situaria como segunda força entre os unionistas.

Apesar de ter sido o responsável pela dissolução do parlamento, intervenção no governo catalão e convocação de novas eleições, tudo indica que o PP de Rajoy ficará em último na disputa, com 4 ou 5 cadeiras, segundo as pesquisas. O candidato Xavier Garcia Albiol terá desempenho pífio segundo as sondagens, mesmo contando com a ajuda de Rajoy, que foi seu cabo eleitoral durante toda a campanha, e esteve em todos os atos realizados em territorio catalão na última semana.

Xavier Domènech, candidato da prefeita de Barcelona, Ada Colau, que representa Em Comum Podemos, poderá eleger mais deputados que o PP e figurar como um coringa na disputa, uma vez que seu número de cadeiras pode ser decisivo na eleição do novo presidente. Contudo, não se sabe para que lado vão pender, uma vez que é contra as medidas aplicadas por Madri, mas também não apoia os independentistas.

Tanta incerteza gera ansiedade em ambos os blocos. Do lado dos independentistas joga-se por restabelecer o governo catalão, dialogar pela volta de Puigdemont e soltura dos presos políticos e mediação do conflito pela Comunidade Europeia. Rajoy, por sua vez, busca tomar definitivamente o controle da Catalunha, mesmo que pelas mãos de Cidadãos, o que lhe garantiria continuidade do apoio no Congresso do rival PSOE e do respaldo de suas ações pela União Europeia.

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