Os presidentes de Brasil e Colômbia defenderam nesta terça-feira (20) a "pacificação política" da Venezuela e pediram que o governo de Nicolás Maduro aceite a ajuda humanitária oferecida por vários países para enfrentar a escassez de produtos básicos.
"O que queremos é a pacificação política na Venezuela, democracia plena nas eleições e não agressão aos que se opõem ao regime", afirmou o presidente Michel Temer, durante ato em Brasília ao lado de seu contraparte colombiano, Juan Manuel Santos.
"Fazemos novamente um chamado ao presidente Maduro para que aceite a ajuda humanitária que vários países, entre eles Brasil e Colômbia, lhe oferecemos", pediu Santos após um encontro bilateral no Palácio do Planalto.
"Não entendemos porque recusam esse tipo de ajuda, quando a crise humanitária de que padece o povo venezuelano se agrava dia a dia", acrescentou.
A Venezuela, uma potência petroleira regional, enfrenta uma crise financeira e política que isolou o presidente Maduro, cujo governo é denominado de "ditadura" por Estados Unidos e Colômbia.
Pelo menos 550.000 venezuelanos emigraram para a Colômbia fugindo da crise e este número poderia chegar a um milhão até junho, segundo as autoridades.
Outros 40.000 foram para o Brasil, deixando Boa Vista, capital de Roraima, à beira do colapso e obrigando o governo federal a duplicar a presença de miliares na fronteira como parte de um plano de acolhida para o fluxo de pessoas.
Tanto no Brasil quanto na Colômbia, "a situação é inédita", reafirmou Santos nesta terça-feira.
A crise humanitária se tornou um tema sensível na agenda regional.
Recentemente, o Grupo de Lima, que reúne 14 países americanos, pediu a Caracas que habilite "um corredor humanitário" pra ajudar a enfrentar o desabastecimento de bens e serviços vitais.
Esta semana, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse a veículos de imprensa brasileiros, durante a cúpula do G20 na Argentina, que vários países discutiram a situação econômica da Venezuela e que o Brasil demandará ao país caribenho o pagamento de sua dívida de 1,3 bilhão de dólares.
Entre os países que trataram o tema existem diferentes posturas sobre o problema, "desde os que apoiam a Venezuela, como a China e a Rússia, oferecendo moratória, a outros que estão demandando o pagamento, como nós, já que não apoiamos a política de financiar o regime da Venezuela", afirmou Meirelles, citado pelo jornal Valor Econômico.