O pacto de paz que permitiu o desarmamento das Farc na Colômbia entrou no "ponto mais crítico", após a prisão de um negociador da ex-guerrilha sob suspeita de narcotráfico, advertiu nesta terça-feira o agora partido político.
"Com a captura de nosso camarada Jesús Santrich o processo de paz se encontra no ponto mais crítico e ameaça ser um verdadeiro fracasso", disse o porta-voz Iván Márquez em um comunicado lido em Bogotá.
Santrich foi detido na segunda-feira a pedido dos Estados Unidos e pode ser extraditado para este país, onde é acusado de conspiração para o envio de 10 toneladas de cocaína, informou o presidente Juan Manuel Santos.
Para a Força Alternativa Revolucionária do Comum (Farc), a detenção é parte de um "plano orquestrado pelo governo dos Estados Unidos com a participação da Procuradoria colombiana".
Aos 51 anos e com deficiência visual, Jesus Santrich, cujo nome de registro é Seusis Pausivas Hernández, foi detido antes da visita que o presidente americano Donald Trump faria no fim de semana a Colômbia. A Casa Branca anunciou nesta terça-feira o cancelamento da viagem do republicano a Bogotá, assim como de sua participação na Cúpula das Américas de Lima.
"É claro que estamos diante de outra montagem da desonesta justiça americana, como aconteceu com os processos contra Simón Trinidad", detento em uma prisão americana, disse Márquez.
Assinado no fim de 2016, após quatro anos de negociações em Havana, o acordo de paz permitiu o desarmamento de 7.000 ex-combatentes no ano passado.