REINO UNIDO

Filha de ex-espião russo envenenado na Inglaterra deixa hospital

O ex-espião e sua filha foram encontrados inconscientes após serem expostos a um gás nervoso em um atentado que Londres atribui a Moscou

AFP
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Publicado em 10/04/2018 às 9:30
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O ex-espião e sua filha foram encontrados inconscientes após serem expostos a um gás nervoso em um atentado que Londres atribui a Moscou - FOTO: Foto: Reprodução/Rede Social
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Yulia Skripal, a filha do ex-espião russo Serguei Skripal, envenenada ao lado do pai com uma substância neurotóxica na Inglaterra, recebeu alta - anunciou nesta terça-feira (10) o hospital em que ela estava internada desde o dia 4 de março.

"Nós demos alta a Yulia do Hospital do Distrito de Salisbury", afirmou a diretora do centro médico, Christine Blanshard.

Ela disse ainda que o ex-coronel russo também vai-se recuperar e receberá alta "em algum momento".

Caso

Os Skripal foram encontrados inconscientes em 4 de março em um banco em uma rua de Salisbury, cidade do sudoeste da Inglaterra, depois que foram expostos a um gás nervoso, em um atentado que Londres atribui a Moscou.

"Os dois pacientes responderam excepcionalmente bem ao tratamento", disse Blanshard, acrescentando que "os dois estão em diferentes estágios da recuperação".

"O pai fez bons progressos. Na sexta-feira, anunciei que não estava mais em situação crítica e, apesar de uma recuperação mais lenta do que a de Yulia, esperamos que também possa deixar o hospital em algum momento", completou a médica.

Yulia, de 33 anos, visitava o pai Serguei, 66, quando aconteceu o ataque.

Serguei Skripal foi coronel do serviço secreto militar russo, mas acabou condenado por alta traição por vender informações ao Reino Unido. Em 2010, foi envolvido em uma troca de espiões e se mudou para a Inglaterra.

A doutora Blanshard explicou que Yulia quer "privacidade" e que não está disponível para falar com a imprensa.

O governo de Vladimir Putin nega com veemência qualquer envolvimento no atentado que, segundo as autoridades britânicas, foi executado com a substância Novichok, um agente nervoso produzido apenas em laboratórios militares russos.

Embaixada russa dissemina dúvidas

A embaixada russa em Londres reagiu à notícia com uma tentativa de disseminar dúvidas: "Felicitamos Yulia Skripal por sua recuperação. Mas precisamos urgentemente de provas de que o que estão fazendo com ela é por sua vontade própria".

Os prognósticos sobre a recuperação dos Skripal eram pessimistas e indicavam que ambos poderiam sair muito afetados do ataque com o potente agente neurotóxico.

A alta de Yulia "não é o fim do tratamento, mas é um momento decisivo", disse a médica, antes de apresentar detalhes sobre o tratamento dos dois pacientes.

"Os agentes nervosos funcionam aderindo a enzimas particulares do corpo, que depois impedem o funcionamento dos nervos, resultando em sintomas como tonturas e alucinações", afirmou Blanshard.

"Nossa tarefa é tratar os pacientes para estabilizá-los e assegurar que possam respirar e que o sangue continue circulando. Depois, precisamos usar uma variedade de medicamentos para ajudar os pacientes até que possam criar mais enzimas e substituir as afetadas", explicou.

A polícia britânica considera que a exposição à substância aconteceu na residência de Skripal, já que a maior concentração de veneno foi detectada na maçaneta da porta de entrada da casa.

As probabilidades de recuperação de Skripal melhoraram porque ele recebeu o tratamento adequado rapidamente.

"Pelo que sabemos, não há um antídoto específico para o Novichok", afirmou o químico e toxicólogo Ralf Trapp. 

"O que se faz nestes casos é estabilizar as funções vitais do corpo (como a respiração, o ritmo cardíaco) e dar atropina para contra-atacar os sintomas dos agentes nervosos", completou.

Em setembro de 2017, o presidente Putin declarou que Moscou havia destruído as últimas reservas de armas químicas herdadas da época da Guerra Fria, de acordo com os termos da Convenção de 1997 sobre a Proibição de Armas Químicas.

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