O ataque a Síria realizado pelos Estados Unidos, França e Reino Unido não é o começo da terceira guerra mundial na opinião do professor de Relações Internacionais da Unicap e Faculdade Damas Thales de Castro. “Foi uma ação cirúrgica e, o P3 – grupo formado por três países do Ocidente que fazem parte do Conselho de Segurança da ONU – quis mostrar que há um limite para a Rússia”, explica o especialista. Ele considera “cirúrgico” porque os mísseis atingiram três instalações de produção e armazenamento de armas químicas nas imediações da cidade de Homs e no subúrbio de Damasco, a capital da Síria.
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Os três países que fazem parte do P3 são os Estados Unidos, a França e o Reino Unido. Além deles têm assento permanente no Conselho Permanente de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU): a Rússia e a China. “Os países do P3 estão mais alinhados desde o envenenamento do ex-agente Russo Sergei Skripal”, conta Thales. Na última sexta-feira, foi divulgado um relatório no Reino Unido informando que o russo e a sua filha foram vítimas de um ataque químico. O incidente ocorreu no dia 4 de março, causando mal estar entre o Reino Unido e a Rússia, incluindo a retirada de diplomatas britânicos dessa última.
Os três países alegam que o ataque deste sábado ocorreu porque o governo da Síria teria usado arma química na cidade de Duma no último dia 7 de abril com a finalidade de dizimar um grupo de oposição à ditadura da família de Bashar al-Assad. Ele está à frente do País desde 2000. O pai dele, Hafez al-Assad foi presidente da Síria entre 1971 e 2000.
ARMA QUÍMICA
Mas já que existe um conselho de segurança da ONU, porque esses países reagiram com um ataque? “Toda vez que os países debatem um tema envolvendo a Síria, a Rússia veta qualquer punição pelo uso das armas químicas. Por isso, os três agiram de forma unilateral”, conta. O uso das armas químicas é proibido pelos países membros da ONU desde 1993.
A Rússia é uma aliada do governo da Síria. A primeira tem contratos de vendas de armamento milionários para o segundo. O ataque foi criticado ontem pelo conselho da ONU.
As consequências do bombardeio, aponta Thales, é que a moeda norte-americana, o dólar, vai oscilar mais, assim como as bolsas no mercado internacional, que podem ter quedas por causa da instabilidade no Oriente Médio. A Síria está numa guerra civil há sete anos e milhares de pessoas já deixaram o País, fungindo da fome, violência e repressão.