Em meio aos novos desafios para o processo de paz na Colômbia, o chefe da missão da ONU pediu nesta quinta-feira (19) ao país andino que acelere a reintegração de ex-combatentes das FARC à vida civil antes do final do governo de Manuel Santos.
"O último par de semanas também trouxe novos desafios para o processo de paz", admitiu Jean Arnault, chefe da missão da ONU na Colômbia, referindo-se à prisão do ex-negociador de paz das FARC Jesus Santrich em 9 de Abril.
A prisão de Santrich, acusado de conspirar para enviar 10 toneladas de drogas para os Estados Unidos, que busca sua extradição, foi criticada duramente por seu partido, a nova Força Alternativa Revolucionária do Comum (FARC), que agrupa todos os ex-rebeldes, e colocou em xeque o pacto de paz entre o governo de Juan Manuel Santos e a maior guerrilha do país assinado no final de 2016.
"A prisão de um dos líderes das FARC por porte de drogas reverberou em um país que continua dividido sobre o processo de paz", disse Arnault em seu relatório ao Conselho de Segurança, na presença do vice-presidente colombiano Oscar Naranjo e da chanceler Maria Angela Holguín.
Mas se mostrou otimista e destacou os "pedidos de calma e declarações firmes para continuar no caminho da paz" da liderança das FARC, incluindo do seu presidente Timoleon Jimenez.
Acima de tudo, Arnault sublinhou "a necessidade de um impulso à reintegração de ex-guerrilheiros antes do fim do mandato do governo" após as eleições presidenciais de 27 de maio.
Em 26 de março, uma frente dissidente das FARC sequestrou dois jornalistas do jornal equatoriano El Comercio e seu motorista enquanto trabalhavam na fronteira com a Colômbia e anunciou seu assassinato. Seus corpos ainda não foram encontrados.
Desde janeiro, os ataques deste grupo rebelde dissidente deixaram no Equador um total de sete mortos, dezenas de feridos e dois sequestrados.
O país nunca foi atingido com tanta crueldade por causa da violência derivada do narcotráfico na Colômbia.
Neste contexto, o Equador decidiu se afastar do processo de paz com o ELN e não será mais sede dos diálogos de paz que abrigava desde fevereiro de 2017 com esta guerrilha,
O Equador anunciou que deixará de sediar os diálogos de paz entre o governo de Santos e outra guerrilha colombiana ainda ativa, o ELN, que poria fim ao último conflito armado na América Latina.
"Colômbia compreende as razões pelas quais o presidente Lenín Moreno decidiu se afastar de sua condição de garantidor e anfitrião destas negociações", declarou a a chanceler colombiana, María Angela Holguín, em alusão aos ataques e aos sequestros ocorridos recentemente na fronteira entre os dois países.
Após agradecer ao povo equatoriano, Holguín informou que seu governo levará a mesa de negociações com o Exército de Libertação Nacional (ELN) para uma das "sedes alternativas", no Brasil, Chile, Cuba, Noruega ou Venezuela.