O Papa Francisco se reuniu neste sábado (28), no Vaticano, com o médico James Hamilton, uma das vítimas chilenas dos abusos sexuais cometidos pelo padre Fernando Karadima, que relatou seu drama ao pontífice.
"Terminada reunião com o Santo Padre, algo mais de duas horas, sincera, acolhedora e enormemente construtiva", escreveu James Hamilton no Twitter.
Na sexta-feira, o Papa recebeu José Andrés Murillo, que também utilizou o Twitter para relatar o encontro: "conversei duas horas com o Papa, e de maneira muito respeitosa e franca lhe expressei a importância de entender os abusos como um abuso de poder".
Murillo, doutor em filosofia, foi um dos primeiros a denunciar, em 2003, o assédio sexual constante sofrido quando era estudante por parte de Karadima.
Em seu tuíte, Murillo explicou que falou com o Papa argentino "sobre a necessidade de assumir a responsabilidade e os cuidados, e não apenas o perdão".
Muitas vítimas de abusos sexuais afirmam que apenas o pedido de perdão é insuficiente, e exigem justiça e o desmonte do antigo esquema pelo qual a hierarquia da Igreja encobre religiosos abusadores em todo o mundo.
No domingo, o Papa se reunirá com o jornalista Juan Carlos Cruz, a terceira vítima chilena, e na segunda-feira conversará com os três conjuntamente.
As três vítimas estão hospedadas desde a sexta-feira na Casa Santa Marta, a residência do Papa no Vaticano.
Declaração oficial
Segundo o Vaticano, o Papa não prevê emitir qualquer declaração oficial após as reuniões. A "prioridade é escutar as vítimas, pedir seu perdão e respeitar a confidencialidade destas conversas".
Fontes do Vaticano destacaram que o Papa não quer apenas mostrar seu compromisso na luta contra a pedofilia dentro da Igreja, mas também enfrentar o escândalo sobre este caso que obscureceu sua visita em janeiro passado ao Chile.
Os três prometeram dar uma entrevista coletiva no dia 3 de maio para contar sobre as reuniões com o Papa.