A Nicarágua, sacudida por violentos choques nos protestos contra o governo que já deixaram mais de 100 mortos, enterrou nesta sexta-feira 16 pessoas mortas nas últimas 48 horas.
Uma das vítimas, Orlando Córdoba, um estudante de 14 anos, foi atingido por uma bala no setor da Universidade Centro-Americana (UCA) quando participava em uma marcha de solidariedade pelos mortos nos protestos antigovernamentais.
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O secretário-geral da ONU, António Guterres, condenou nesta sexta-feira a violência na Nicarágua e "em particular o assassinato de vários manifestantes" no protesto de quarta-feira.
Guterres pediu ao governo de Ortega "que garanta a proteção e a liberdade de expressão dos manifestantes pacíficos" e elogiou a criação de um painel de especialistas da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) para investigar a violência.
Também pediu ao governo nicaraguense que autorize a solicitação do Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos de visitar o país.
A OEA e o governo de Daniel Ortega acordaram nesta sexta um calendário para iniciar uma reforma eleitoral no país. A secretária-geral da Organização de Estados Americanos (OEA), liderada por Luis Almagro, anunciou em um comunicado que a missão de cooperação técnica para o fortalecimento institucional na Nicarágua realizará no domingo em Manágua sua primeira reunião com representantes do governo para definir um plano operacional de atividades.
Esses confrontos são os mais violentos da capital e elevam a 100 o número de mortos desde o começo dos protestos em 18 de abril.
Durante os incidentes de quarta foram queimadas instalações da emissora do governo Radio Ya e uma cooperativa de crédito rural. A fachada do estádio nacional de beisebol foi destruída.
Também foram atacados o canal opositor 100% Noticias e os estúdios de transmissão da também opositora radio Darío, em León, segundo seus proprietários.
Em comunicado, o governo afirmou que esses atos obedecem a grupos de oposição com "agendas políticas específicas" que buscam "aterrorizar" a população no que chamou de "conspiração".
A Conferência Episcopal da Nicarágua (CEN) anunciou que não retomará o diálogo em busca de uma saída para crise no país enquanto "o povo continuar sendo reprimido e assassinado".
O enterro das últimas 16 vítimas foi marcado por manifestações de muita dor, o que a Aliança Cívica, que agrupa opositores, classificou como o pior massacre desde o início da onda de protestos.
Direitos Humanos
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), por sua vez, pediu ao governo da Nicarágua proteção para o bispo auxiliar de Manágua, Silvio José Báez, um dos mais críticos de Daniel Ortega e membro da comissão de mediação no diálogo entre governo e oposição.
O secretário geral da OEA, Luis Almagro, também pediu na quinta-feira ao governo Ortega que pare com a repressão a seus opositores.
"Condenamos os assassinatos cometidos ontem pelas forças repressivas e pelos grupos armados e nos solidarizamos com os familiares das vítimas. Pedimos ao Estado que detenha a violência desses fatores repressivos", disse Almagro em um vídeo publicado no site da Organização dos Estados Americanos (OEA).