Pelo menos 109 pessoas morreram desde domingo após a potente erupção do Vulcão de Fogo que arrasou várias comunidades no sul da Guatemala, informou nesta quinta-feira (7) uma fonte oficial.
O Instituto Nacional de Ciências Forenses (Inacif) revelou ter recebido os corpos de 109 vítimas pela erupção vulcânica, desde o domingo passado.
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Cerca de 200 pessoas permanecem desaparecidas.
O relatório detalhou que mais sete corpos de vítimas ingressaram no necrotério temporário instalado perto da zona de impacto, na desaparecida comunidade de San Miguel Los Lotes no município de Escuintla, ao sul da capital. Outros três foram transferidos para o necrotério central da capital depois de não resistirem aos ferimentos.
A Guatemala teve de suspender nesta quinta-feira as operações de resgate na zona devastada pela erupção do Vulcão de Fogo no sul do país.
As operações também tiveram de ser suspensas na véspera por causa das chuvas.
O vulcão, com 3.763 metros de altura e situado 35 km a sudeste da capital, registrou no domingo sua erupção mais forte nas últimas quatro décadas.
Perigo iminente
O trabalho árduo foi suspenso devido à ameaça potencial do desprendimento a qualquer momento de sedimentos das ladeiras, podendo ocasionar outra tragédia, já que o vulcão se mantém ativo lançando colunas de cinzas.
Além disso, pode voltar a gerar fluxos de gases tóxicos, pedras e material vulcânico, que caem a grande velocidade e arrasam tudo em sua passagem.
Uma dessas avalanches arrasou com comunidades da cidade de Escuintla, que ficaram sepultadas sob toneladas de escombros.
Apesar de as autoridades guatemaltecas não terem pedido ajuda oficialmente, muitos países se dispuseram a fazê-lo, como os Estados Unidos que enviaram um avião da Força Aérea para transportar seis crianças guatemaltecas que precisam de tratamento para queimaduras.
Familiares buscam vítimas
Parentes de vítimas da erupção que sepultou a comunidade de San Miguel Los Lotes, no sul do país, entraram nesta quinta-feira (7) no marco zero, após a suspensão dos trabalhos de busca.
"Como já pararam a busca (temporariamente) decidimos vir procurar, considerando que faltam forças", disse à AFP William Chávez, na comunidade devastada no domingo por uma avalanche de pedras e terra que desceu do vulcão.
O homem, visivelmente esgotado, perdeu um irmão, sua cunhada e um sobrinho de quatro anos na tragédia, os quais já buscou em hospitais, abrigos e no necrotério.
"Já não vamos recuperar completos (os corpos), mesmo que seja em pedaços que os encontremos", comenta resignado à AFP Luis Vásquez, ao aceitar a entrada de maquinário pesado para demolir a casa e buscar os restos mortais de sete familiares que perdeu na erupção.
Tem dúvidas de conseguir encontrar dentro da casa os restos de três adultos e quatro crianças porque as altas temperaturas podem ter incinerado os corpos.
Vásquez reconhece que se conformaria em encontrar algumas "partes" de seus familiares para poder lhes dar um enterro digno no cemitério de Escuintla.
Alex Fuentes, de 42 anos, ajuda seu amigo Renato a buscar sua esposa e três filhos desaparecidos. Assinalam que tinham "a esperança" de que os quatro estivessem abrigados em um guarda-roupa de madeira que ficou praticamente soterrado.
Renato, que se protege do sol com um boné vermelho, encontrou apenas o documento de identidade de sua esposa María.
A Procuradoria da Guatemala anunciou nesta quinta-feira que investigará se houve negligência na resposta à erupção, já que muitas vítimas poderiam ter sido evacuadas a tempo.