SÍRIA

Em Idlib, sírio fabrica máscaras artesanais para proteger filhos

Com máscaras feitas de copos de papelão e sacolas plásticas, Huzeifa al-Chahhad pretende proteger seus filhos de um eventual ataque químico

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Publicado em 13/09/2018 às 4:02
Foto: OMAR HAJ KADOUR / AFP
Com máscaras feitas de copos de papelão e sacolas plásticas, Huzeifa al-Chahhad pretende proteger seus filhos de um eventual ataque químico - FOTO: Foto: OMAR HAJ KADOUR / AFP
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Na área externa de sua casa, no noroeste da Síria, Huzeifa al-Chahhad trabalha habilmente com copos de papelão, sacolas plásticas e um par de tesouras. Com o que tem em mãos, seu objetivo é fabricar máscaras para proteger seus filhos de um eventual ataque químico.

Na província de Idlib, último reduto insurgente na Síria, os moradores vivem a angústia de uma ofensiva iminente das forças de Bashar al-Assad, apoiadas pela Rússia. 

No povoado de Maar Shurin, este pai de três filhos faz orifícios no copo de papelão com uma agulha para que o ar passe. 

Coloca depois uma gaze no fundo do copo, a cobre de algodão e acrescenta várias colheradas de carvão partido em pequenos pedaços, e, por último, uma camada de algodão e gaze. 

"É para que o carvão não penetre na boca", explica.

A última etapa desse paciente trabalho manual é uma sacola plástica que cola no copo, tornando possível cobrir da cabeça até as costas e, assim, proteger os olhos, as orelhas e as vias respiratórias.

"Aprendi (a técnica) no YouTube", diz Chahhad.

Para testar a eficácia de sua invenção, coloca uma primeira máscara no rosto de sua filha de dois anos, depois no de seu filho, um ano mais velho.

"Coloque no seu nariz. Respire!", diz para a sua filha.

"O regime e a Rússia ameaçam bombardear com armas químicas. Tivemos que fabricar máscaras para proteger nossas esposas e filhos caso aconteça alguma coisa", afirma.

'Medo dos aviões?' 

O regime de Damasco é acusado de ter usado armas químicas em várias ocasiões durante o conflito que destrói a Síria desde 2011 e causou mais de 350.000 mortes. 

Um ataque deixou mais de 80 mortos em abril de 2017 em Khan Sheikhun, província de Idlib. Um ano mais tarde, um suposto ataque químico na cidade de Duma, perto de Damasco, causou ao menos 40 mortes. 

Na terça-feira, a Rússia afirmou que os rebeldes sírios preparavam a "cenografia" de um falso ataque químico, que depois será atribuído ao regime sírio como pretexto para uma eventual intervenção militar ocidental.

Pouco depois, o secretário americano da Defesa, Jim Mattis, advertiu o presidente sírio de que ele se arrisca a sofrer represálias se usar armas químicas em um eventual ataque a Idlib.

Assim como acontece com Chahhad, o medo de uma grande ofensiva estimulou a criatividade de vários habitantes da região.

Na cidade de Binnich, no norte da província de Idlib, Oum Majed utilizou latas de refrigerante para fabricar máscaras artesanais contra gás para todos os membros da família.

Muitos habitantes de Idlib construíram abrigos para se proteger de eventuais ataques aéreos.

Chahhad cavou um espaço subterrâneo há seis anos. Com uma lanterna, desce as escadas que leva de sua casa ao abrigo subterrâneo. 

Potes de pepino em conserva estão em um colchão sobre um longo banco de pedra, como reserva de alimentos.

"Você tem medo dos aviões?", pergunta ao seu filho em tom de piada. 

"Cavamos esse abrigo em 2012 por causa dos bombardeios e, com as últimas ameaças, o limpamos para nos protegermos" se for necessário. "As casas, em cima, não resistirão aos bombardeios".

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