O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, desembarca nesta quinta-feira (28) na Argentina como o grande protagonista da reunião de cúpula do G20, marcada pelo impacto de sua guerra comercial na economia mundial.
A reunião entre Trump e o presidente chinês Xi Xinping deve dominar as atenções do evento, que acontecerá na sexta-feira (30) e sábado (1°), 10 anos após a criação do fórum, que reúne economias desenvolvidas e emergentes desde 2008.
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Mas o possível encontro em Buenos Aires do americano com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, também ganhou relevância nas últimas horas, após a crise entre Moscou e Kiev desde que navios ucranianos foram capturados por forças russas na Crimeia no domingo passado.
Multilateralismo em jogo
O tempo corre para que o governo dos Estados Unidos aumente novamente as tarifas de importação de produtos da China a partir de 1° de janeiro a aprofunde a "guerra comercial" que abala a economia mundial.
Analistas não acreditam que o encontro Trump-Xi acabe com as tensões entre as duas maiores economias do planeta. Mas consideram que seria um bom sinal para o futuro.
"Com o aumento previsto das tarifas de 10 a 25% em janeiro sobre 200 bilhões de dólares de importações (dos Estados Unidos) da China, esta pode ser a última oportunidade para agir. (...) Com os dois países sentindo os efeitos adversos das tarifas, há motivos para ter esperanças, ao menos de um 'cessar-fogo'", afirmou Wendy Cutler, ex-negociadora comercial americana e vice-presidente do centro de estudos Asia Society Policy Institute (ASPI) de Washington.
Ao mesmo tempo, o governo dos Estados Unidos fará um movimento comercial significativo ao assinar o novo tratado comercial com México e Canadá, que substituirá o Nafta, rejeitado por Trump após 24 anos de vigência.
Rússia e o clima na pauta
Trump e Putin devem se reunir em Buenos Aires, mas o conflito entre Rússia e Ucrânia depois que a Guarda Costeira russa capturou três barcos militares ucranianos na costa de Crimeia no domingo colocou o encontro em risco.
O presidente americano ameaçou suspender o encontro previsto para sábado, mas a Rússia informou que deve acontecer porque "as duas partes precisam de modo igual da reunião", segundo o conselheiro do Kremlin, Yuri Ushakov.
Trump também deverá medir forças com o presidente da França, Emmanuel Macron, que pretende incluir nos primeiros pontos da agenda do G20 o aquecimento global, antes da conferência climática das Nações Unidas, COP24, em 2 de dezembro na Polônia.
O republicano, um crítico feroz do conceito de mudanças climáticas, retirou seu país dos acordos ambientais de Paris em junho de 2017, pouco depois de chegar à Casa Branca.
As atenções também estarão voltadas para o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohamed bin Salmán, que chegou na última quarta-feira à Argentina.
Em meio a essas tensões geopolíticas, a cúpula acontecerá em um momento histórico.
A primeira-ministra britânica, Theresa May, chegará à Argentina como a primeira líder britânica a pisar na América do Sul desde a guerra das Malvinas em 1982.