Se depender do PSB de Pernambuco, a oficialização da candidatura presidencial do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa deve ser um processo mais demorado do que querem os aliados do jurista, que tentam convencê-lo a entrar na disputa até o dia 15 de maio. O governador Paulo Câmara (PSB) defendeu que a decisão sobre a corrida ao Planalto ocorra apenas entre julho ou agosto após “um amplo debate dentro do partido”. Como o JC adiantou, o governador negou qualquer veto a candidatura presidencial, mas também evitou antecipar um apoio a Barbosa.
“Não há candidatura ainda. Na verdade, não há nem pré-candidatura ainda”, afirmou Paulo, durante o 17º Fórum Empresarial do LIDE, na Reserva do Paiva. O governador disse ainda não ter opinião sobre a possibilidade de uma candidatura própria porque o tema ainda está em debate dentro do partido. “Eu já tive encontros, mas conversas gerais. Não entramos em aprofundamento de nada. Até porque ele ainda está pensando. E o PSB decide como um colegiado. Eu não tenho nenhuma condição de decidir isso sozinho”, adiantou.
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Como Pernambuco é o diretório mais forte dentro do PSB, o apoio do Estado deve ser decisivo para garantir ou não a candidatura de Barbosa. No sexteto descrito como “núcleo duro” do PSB, três nomes já teriam inclinação favorável ao ex-ministro: o presidente nacional do partido, Carlos Siqueira; o ex-governador do Espírito Santo Renato Casagrande e o ex-deputado gaúcho Beto Albuquerque. O governador de São Paulo, Márcio França, ainda resiste por querer o apoio do presidenciável tucano Geraldo Alckmin à sua reeleição. Paulo Câmara e o prefeito do Recife, Geraldo Julio, completam o time.
O nome do ex-ministro ganhou força principalmente pelo apelo da bancada da sigla no Congresso. Em terceiro lugar no Datafolha, com até 10% das intenções de voto, Barbosa pode ajudar a ampliar o número de parlamentares eleitos pelo PSB.
“Não há nenhuma decisão e nenhuma restrição”, explicou Geraldo, durante o evento do LIDE. “O processo ainda é muito inicial. O que aconteceu foi a filiação dele e uma primeira reunião onde ele foi apresentado a lideranças nacionais do partido que sequer o conheciam. O processo começa agora”, descreveu.
Barbosa atrapalha aliança com PT
Em Pernambuco, o receio é que a candidatura de Barbosa possa atrapalhar uma aliança entre o PSB e o PT. A união poderia facilitar a reeleição de Paulo, ao tirar da disputa uma candidatura como a da vereadora do Recife Marília Arraes (PT), capaz de levar a eleição para o segundo turno, e por garantir ao governador o apoio do eleitorado lulista, forte principalmente no interior do Estado.
Filho do ex-governador Eduardo Campos, João Campos disse não acreditar que uma eventual candidatura de Barbosa possa atrapalhar as costuras com o PT. “São coisas independentes. Ele é um filiado ao partido que está discutindo se será candidato ou não a presidente. Aqui no Estado, nós temos um projeto sólido que já tem mais de dez anos. E a gente está construindo de forma muito madura o diálogo com diversos partidos que dão sustentação a Frente Popular e os que podem vir a dar”, afirmou.
João indicou que, se enquadrando em um projeto de centro-esquerda, o partido teria condições de apoiar Barbosa. Na reunião com a cúpula do PSB, há dois dias, o ex-ministro recebeu o programa de governo da campanha presidencial de Eduardo em 2014. Segundo Paulo Câmara, as propostas podem ser reapresentadas. Não foi marcada nova vinda de Barbosa a Pernambuco. “Se ele quiser conhecer o que nós estamos fazendo no governo, nós estamos à disposição”, adiantou o governador.