Em entrevista ao programa Passando a Limpo, da Rádio Jornal, na manhã desta quarta-feira (22), Guilherme Boulos, candidato à presidência pelo PSOL, não se mostrou preocupado com o percentual de apenas 1% de intenção de votos que seu nome atrai em algumas pesquisas. Ele se disse pronto para "jogar no ataque", diferente de Geraldo Alckmin que, para ele, "joga pelo zero a zero". A frase foi dita em reposta à comparação com sua campanha e a campanha do tucano, em 2006, quando repetia a frase "pesquisa é pesquisa, eleição é eleição".
"Como dizia o filósofo Didi: treino é treino, jogo é jogo. Estamos entrando em campo agora. É a primeira eleição que participo. As pessoas não vão votar em quem não conhecem, mas vão me conhecer agora. Eu não tenho a menor dúvida de que vamos crescer", afirmou Boulos.
Em 2006, Geraldo Alckmin, então candidato a presidente pelo PSDB, também usava 'ditado' em seus discursos, fazendo uma referência a frase usada por Boulos, mas não conseguiu vencer as eleições naquele ano. "O ritmo do Alckmin é outro. Ele joga treinando, pelo zero a zero. O PSDB joga na defesa, mas eu não. Eu jogo no ataque", alfinetou o psolista.
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"Se eu achasse que Haddad é solução, não seria candidato"
Apesar de defender Lula e acreditar na sua inocência, Boulos apontou o que achou problemático na gestão do ex-presidente. "Nos governos dele teve avanço? Teve. [...] Mas teve limite também. Não enfrentou a esculhambação que é esse sistema político brasileiro e continuou governando com Sarney, com Jucá, com Renan, com Eunício, com o PMDB, o centrão, essa turma que entra governo e sai governo e eles tão sempre lá", afirmou.
Fernando Haddad, atualmente registrado como candidato a vice de Lula, também foi alvo de comentários por parte do candidato do PSOL. "Ele teve avanços, e, em relação a gestão do João Dória, que só sabe falar em privatizar e deixou a prefeitura depois de um ano, a do Haddad foi melhor", reconheceu. No entanto, foi firme ao dizer que "se achasse que Haddad é solução, não seria candidato à presidente da República".
"Sistema político brasileiro faliu"
"Sistema político brasileiro faliu. Esse sistema político partidário é o que gera a descrença mais profunda nas pessoas. O sistema político brasileiro tá de costas pra sociedade", disse Boulos, propondo criar um "sistema nacional de democracia direta", como chamou. "Vamos fazer plebiscitos e referendos para que o povo possa decidir".
Boulos voltou a afirmar que um plebiscito para consultar a população sobre uma possível revogação das reformas de Michel Temer seria sua primeira medida, caso eleito. Questionado sobre uma eventual dificuldade de aprovar os plebiscitos e governar sem maioria no Congresso, ele se mostrou confiante em uma renovação do congresso.