MANIFESTAÇÃO

Seguidores de Lula não abandonam vigília em Curitiba

Maioria de militantes incondicionais pertencem ao Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST)

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Publicado em 10/09/2018 às 12:49
Foto: NELSON ALMEIDA / AFP
Maioria de militantes incondicionais pertencem ao Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) - FOTO: Foto: NELSON ALMEIDA / AFP
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"Bom dia, presidente Lula!" De manhã, de tarde e de noite, os seguidores mais fiéis do ex-presidente do Brasil se reúnem para cumprimentá-lo, com gritos de apoio em frente à Superintendência da Polícia Federal (PF) de Curitiba, onde ele está preso desde abril.

São militantes incondicionais, 150 segundo os organizadores, em sua maioria trabalhadores rurais do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), instalados em frente à prisão desde 7 de abril, quando Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) começou a cumprir pena de 12 e um mês de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

"O nosso objetivo com a vigília é manter a solidariedade permanente com Lula, mandar para ele essas energias positivas de solidariedade, para que ele se mantenha firme", explicou Paulo Baggio, de 54 anos, membro da coordenação do MST no Paraná e um dos principais responsáveis pela campanha Vigília Lula Livre.

As janelas da cela de Lula não são voltadas para fora, mas os militantes sabem que ele consegue escutar. "Ele nos manda muitos bilhetes, muitas cartas, (...) pede músicas, às vezes a gente canta", conta Baggio, trajando o boné vermelho do MST.

O acampamento está espalhado em diversos pontos: uma grande tenda em frente à PF e algumas casas alugadas dentro de um raio de um quilômetro da prisão. Os ativistas recebem alojamento, alimentação e podem se higienizar. 

Tudo é financiado por uma campanha de solidariedade. A tenda conta com arroz, garrafas de água e papel higiênico doados por moradores da cidade - além de uma enfermaria.

Chá para aguentar

Os ativistas do MST se revezam a cada duas semanas na vigília. Enquanto alguns estão em Curitiba, outros cuidam de suas granjas. O resto do grupo é composto por sindicalistas, desempregados ou aposentados, como Malvina Joana de Lima.

Integrante do Partido dos Trabalhadores (PT) desde 1989, Malvina, de 66 anos, está em Curitiba desde que seu ídolo foi preso. 

"Já fiquei doente, peguei pneumonia, me tratei aqui mesmo, não aceitei ser internada", contou. "Estou vivendo Lula", resumiu. 

O chefe da enfermaria, Jefferson Conceição Ricardo, de 20 anos, prepara receitas com produtos naturais para seus companheiros. 

"Tem muita inflamação da garganta, asma", contou Jefferson. Para a dor de garganta, ele recomenda chá de eucalipto e de limão; para a de estômago, chá de hibisco. Há até mesmo um chá relaxante para aliviar os nervos dos militantes.

E serão litros e litros, já que os incansáveis estão preparados para apoiar Lula até o fim. 

"Essa vigília vai ficar aqui até que o Lula saia daí e venha para os braços do povo, e junto com ele vamos reconstruir o Brasil", afirma Jefferson

O ex-presidente afirma ser inocente e atribui a sentença à tentativa de lhe impedir de voltar ao poder nas eleições de outubro, para as quais era favorito, até que a Justiça Eleitoral invalidou sua candidatura em 1 de setembro. 

A Justiça também ordenou que o PT substitua Lula até quarta-feira. Seu companheiro de chapa, Fernando Haddad, deverá ser indicado em seu lugar - mas não se sabe se haverá uma transferência de votos que lhe garanta um lugar no segundo turno. 

No acampamento de Curitiba, essa questão já está resolvida.

"Se o Lula falar 'Você vai votar num mosquito', eu vou votar num mosquito. Eu faço o que Lula manda hoje e para sempre. É o único confiável para mim porque eu sei que ele faz coisas boas para o pobre negro trabalhador", garante Malvina. 

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