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''Ele soa como nós'', diz ex-líder da Ku Klux Klan sobre Bolsonaro

Bolsonaro usou o Twitter para responder à declaração, dizendo recusar apoio de ''grupos supremacistas''

Estadão Conteúdo
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Publicado em 16/10/2018 às 15:32
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Bolsonaro usou o Twitter para responder à declaração, dizendo recusar apoio de ''grupos supremacistas'' - FOTO: Foto: MAURO PIMENTEL/AFP
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Ex-líder do grupo racista Ku Klux Klan (KKK) nos Estados Unidos, David Duke citou o candidato do PSL à Presidência no Brasil, Jair Bolsonaro, em seu próprio programa de rádio no último dia 9 de outubro. Ao falar do brasileiro, Duke comemorou o fato de o candidato ser um nacionalista: "Ele soa como nós". A fala foi revelada pela BBC Brasil e confirmada pela reportagem. Bolsonaro usou o Twitter para responder à declaração, dizendo recusar apoio de "grupos supremacistas".

Em seu comentário, David Duke começa dizendo que movimentos nacionalistas têm se espalhado pelo mundo "até em países que você nunca pensou". "Ele é um descendente europeu. Ele se parece com qualquer homem branco na América, em Portugal, Espanha ou Alemanha e França ou Reino Unido. Ele está falando sobre o desastre demográfico que existe no Brasil e a enorme criminalidade que existe ali, como por exemplo nos bairros negros do Rio de Janeiro. Ele soa como nós. Ele também é um candidato muito forte. É um nacionalista", disse Duke em referência a Bolsonaro.

O presidenciável se manifestou no Twitter a respeito do comentário. "Recuso qualquer tipo de apoio proveniente de grupos supremacistas", escreveu, em inglês. "Sugiro que, por coerência, apoiem o meu adversário o candidato da parte esquerda, que adora Segregar a sociedade! Esta é uma ofensa com as pessoas brasileiras, as mais belas e mistas da raça do mundo."

Duke chegou a ser um líder da Ku Klux Klan, organização que defende a supremacia dos brancos sobre os negros e organizou linchamentos e outros atos criminosos no sul dos Estados Unidos. O grupo sobrevive nos EUA atualmente com variadas ramificações segregacionistas e contrárias a minorias.

Movimentos racistas e neonazistas

Em 2017, o ataque na cidade americana de Charlottesville voltou a chamar a atenção do país sobre os movimentos racistas e neonazistas que defendem a supremacia branca e Duke participou da organização dos atos na cidade. Uma mulher morreu após um motorista jogar o carro contra manifestantes que eram contrários ao grupo racista. Na época, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que havia "muito ódio e violência" em "ambos os lados" e foi fortemente criticado por não indicar o racismo por parte dos grupos supremacistas brancos.

No programa de rádio, David Duke demonstrou receio com a tentativa de Bolsonaro de adotar "algumas mesmas estratégias de Donald Trump" de aproximação do país com Israel. Duke é conhecido por negar o holocausto e, antes de integrar o KKK, ganhou fama após aparecer vestindo um uniforme nazista. Após a fala sobre Bolsonaro, ele defendeu que os países adotem uma política "não pró-Israel, mas pró-Europa e pró-América".

Duke entrou para a KKK, segundo a imprensa americana, para alavancar sua carreira política de congressista no Estado de Louisiania pelo partido republicano, mas acabou deixando a organização para formar a Associação Nacional para o Avanço do Povo Branco. Ele perdeu disputas políticas como uma corrida eleitoral para governador no Estado.

A chamada para o programa de rádio, no site de Duke, aponta que ele iria celebrar a saída de Nikki Haley como embaixadora dos EUA na ONU e "a preparação de uma revolução pró-brancos" por Bolsonaro, no Brasil. A chamada incluía um parênteses para se referir a Haley escrito "prostituta". Em seu site, Duke se identifica como "Dr. David Duke".

De acordo com a rede de televisão NBC, ele recebeu o título de doutor em história em 2005 de uma universidade privada ucraniana acusada de fomentar o anti-semitismo.

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