ELEIÇÕES 2018

Claudio Marinho fala sobre a democracia selvagem do WhatsApp

Em entrevista ao JC, Claudio Marinho acredita em 'uso sofisticado' de fake news no WhatsApp

Paulo Veras
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Paulo Veras
Publicado em 21/10/2018 às 8:33
Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
Em entrevista ao JC, Claudio Marinho acredita em 'uso sofisticado' de fake news no WhatsApp - FOTO: Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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Ex-secretário estadual de Planejamento e de Ciência e Tecnologia, além de consultor, Claudio Marinho diz ao JC que é preciso evoluir na regulação do que chamou de “democracia selvagem” do WhatsApp mantendo a confidencialidade do aplicativo. Ele também acredita que há um modelo sofisticado de uso de fake news na campanha brasileira.

Confira a entrevista:

JORNAL DO COMMERCIO – Havia um ideia de que o brasileiro não gostava de política no WhatsApp. Como o aplicativo se tornou tão importante?

CLAUDIO MARINHO – Na greve dos caminhoneiros, já havia crise de representação. E as pessoas se empoderando de forma anárquica pelo WhatsApp. Ali, deveria ter caído a ficha. As pesquisas perguntam se as pessoas se interessam por política. Elas vão responder que não. Mas encaminham fake news no grupo da família. Sentimentos primários, como medo, raiva e ansiedade, estão sendo compartilhados. E cada pessoa tem de 20 a 30 grupos. Essa é a primeira eleição do WhatsApp. E há algo de muito sofisticado em termos de fake news.

JC – Em relação à suposta onda de desinformação no WhatsApp, o que pode ser feito?

MARINHO – Já perdemos essa eleição para o WhatsApp no momento em que todos os sentimentos primários foram manipulados por uma campanha. O WhatsApp é codificado. Multiplique isso por milhões de mensagens, áudios, fotos e vídeos. Vamos ter que evoluir em como regular a democracia selvagem do WhatsApp mantendo a confidencialidade. É uma incógnita que não vai se resolver só com proibição.

JC – Movimentos como a greve dos caminhoneiros devem se repetir no futuro?

MARINHO – Teremos uma sociedade de representação esfacelada, inclusive no Congresso. Isso nos levará a uma contradição. Ficaremos hiperconectados nas redes, mas esfacelados na sociedade. Não acredito em grandes movimentos de rua.

JC – Na Primavera Árabe, havia otimismo sobre o papel das redes na política. Mais recentemente, há pessimismo? O que esperar do futuro?

MARINHO – Vamos ter incertezas nos próximos anos. Ao mesmo tempo, a Primavera Árabe gerou grupos digitais construtivos, que se fortaleceram no apoio mútuo em busca de soluções. Elas ainda não estão claras. Mas as saídas serão conduzidas pelas mesmas ferramentas.

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