Diversas categorias e centrais sindicais realizam paralisações e manifestações, nesta sexta-feira (28), contra as reformas da Previdência e trabalhista em discussão na Câmara e propostas pelo presidente Michel Temer. Em capitais como Rio de Janeiro, São Paulo, Cuiabá, Belo Horizonte e Brasília, vários protestos foram registrados. Confira:
Protestos param vias da capital e do interior de São Paulo
Bombeiros começaram por volta das 7h20 desta sexta-feira, 28, o trabalho de desbloqueio da Avenida Giovani Gronchi, na altura da Rua Sebastião Francisco, na zona sul de São Paulo. Segundo o funcionário de um posto próximo ao local, os manifestantes colocaram fogo em pneus e em quatro caçambas de lixo às 6h.
"Não teve confronto. Eles largaram os pneus e avisaram os motoristas que não dava mais para passar", relatou o funcionário, que preferiu não se identificar. Policiais afirmam ter chegado ao local por volta das 6h20. Às 7h15, a pista foi liberada para o tráfego de veículos.
Manifestações ocorrem em outros locais da capital. Há registro de protestos na Marginal Tiete e na Avenida Ipiranga, na área central de São Paulo. A Rodovia Presidente Dutra tinha bloqueios em Guarulhos, na Grande São Paulo, e nas cidades paulistas de Caçapava, São José dos Campos e Taubaté, informou a concessionária CCR NovaDutra.
Manifestantes do Sindicato dos Aeroviários que estavam protestando dentro do Aeroporto de Congonhas, na zona sul de São Paulo, seguiram por volta das 7h dessa sexta-feira, 28, em passeata pela Avenida Washington Luís. A via ficou parcialmente interditada.
O grupo seguirá até a sede do Sindicato para assembleia. De acordo com informações de funcionários das companhias aéreas, os protestos da manhã desta sexta-feira geraram atrasos na maioria das viagens. Pelo menos cinco voos da Latam haviam sido cancelados.
A greve dos metroviários prejudica a vida de trabalhadores que madrugaram no metrô Corinthians-Itaquera, na zona leste da capital paulista, na expectativa de o serviço de transporte funcionar.
Os portões não foram abertos às 4h30 como de costume, relataram os passageiros que aguardavam do lado de fora. Funcionários disseram que não há expectativa de funcionamento nesta sexta. A categoria decidiu aderir ao chamado dia de greve geral, organizado por centrais sindicais.
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Lojas fecham e segurança é reforçada no centro do Rio
As lojas do Centro do Rio decidiram não abrir na greve desta sexta. Apenas padarias da região resolveram levantar as portas. Todos os bancos da Avenida Rio Branco e das ruas transversais estão fechados e protegidos por tapumes.
Apesar do clima deserto da região, que costuma ser movimentada pela manhã em dias normais, há uma grande quantidade de agentes do Centro Presente, grupo de servidores da segurança pública financiado pela Fecomercio que ajuda no policiamento do local. Também há integrantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT) colando cartazes em bancos e lojas.
Trabalhadores entrevistados na Central do Brasil disseram ter recebido orientação para voltar para casa ao chegar aos seus postos. "O patrão avisou que podia ter manifestação e mandou a gente voltar", disse o contador Paulo Roberto Araújo, de 44 anos "Eu acho que paralisação de um dia não adianta nada. Só se fosse por tempo indeterminado. O que muda mesmo é nas urnas. Essa greve está sendo organizada pela CUT, não me representa", rechaçou um colega.
Fiscais de empresas de ônibus calculam que o movimento de passageiros na Central tenha caído a menos da metade na manhã desta sexta. "As pessoas não conseguem chegar de Niterói, já que não tem barca nem ponte funcionando, e isso afeta muito", contou um encarregado que não quis se identificar. "Vim porque tenho mulher e filho para sustentar. Eu só iria aderir se fosse para tirar o presidente", contou. Não quero perder direitos com as reformas do governo, mas, também, não posso perder o emprego", explicou o designer Pedro Vieira, de 32 anos.
Boa parte das pessoas entrevistadas teme ser identificada pela reportagem. "Pobre não pode se dar ao luxo de fazer greve. Moro em Nova Iguaçu Baixada Fluminense e lá o transporte está normal, então não tenho desculpa para dar", contou uma cozinheira que trabalha em um restaurante em Ipanema (zona sul).
Já na Rua 7 de Setembro, no centro da capital fluminense, um grupo de black blocs montou barricadas na linha do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) para impedir a passagem do veículo. Os homens mascarados chegaram ao local com materiais como plástico e madeira e puseram fogo. O transporte não estava operando por volta das 7h45 desta sexta-feira, 28, mesmo com a retirada do material feita pouco antes por garis.
Manifestantes bloquearam por volta das 6h30 a pista sentido Rio da Ponte Rio-Niterói, na altura da subida do vão central. No mesmo horário foram registrados bloqueios na capital fluminense, como na Avenida Radial Oeste, no Maracanã, zona norte, direção Centro, na altura da Rua São Francisco Xavier.
Ativistas também bloquearam quase totalmente a pista da Linha Vermelha, no Rio de Janeiro, na altura da Ilha do Fundão. Com faixas e bandeiras, eles protestam contra as reformas da Previdência e trabalhista e deixam apenas uma pista livre, o que causou engarrafamento na região.
Manifestantes realizam protestos em Brasília e Cuiabá
A rodovia BR-060, que liga Brasília a Goiânia, estava bloqueada, na altura da região administrativa do Núcleo Bandeirante, a cerca de 13 km do Plano Piloto, na manhã desta sexta-feira, 28. Manifestantes queimam pneus no meio da via, o que está provocando engarrafamento. Por volta das 7h30, permanecia impedindo o acesso à região central de Brasília e ao Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek.
A mobilização dos trabalhadores começou às 6h na Praça Ipiranga, região central de Cuiabá (MT). O transporte coletivo não está funcionando. Portando bandeiras, cartazes, os manifestantes chegaram a pé e de carona. O comando estima que 10 mil trabalhadores participem do ato na região central da capital.
Segundo sindicalistas, os 28 sindicatos de trabalhadores da iniciativa privada, os 32 dos servidores públicos do Estado, além de servidores federais e municipais, confirmaram adesão à greve nacional. Os serviços dos correios pararam desde quinta-feira, 27. Foram suspensas visitas a presos, já que os agentes penitenciários aderiram à greve.
Além da capital e da região metropolitana, a greve geral nacional atinge os maiores municípios do Estado de Mato Grosso, segundo o comando grevista.
Manifestantes fazem protesto em rodovia da grande Belo Horizonte
Por volta das 7h desta sexta-feira, manifestantes faziam protesto em dois pontos da BR-040, em Congonhas e Contagem, ambas cidades da região metropolitana de Belo Horizonte, conforme informações da Polícia Rodoviária Federal. Há registro também de manifestação na MG-010, que liga Belo Horizonte ao Aeroporto de Confins. Pneus foram queimados.
Funcionários do metrô e do sistema de transporte público rodoviário de Belo Horizonte prometeram adesão à greve geral, assim como escolas das redes municipal, estadual e particular. Uma manifestação foi marcada pela Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT-MG) e outras centrais sindicais para as 9h na Praça da Estação, com passeata que seguirá até a Praça Sete, ambas na região central da capital.