Quase cem anos após a primeira greve geral no Brasil, as centrais sindicais e a Frente Povo Sem Medo prometem parar o Estado e o Brasil nesta sexta-feira (28) na manifestação contra as reformas propostas pelo presidente Michel Temer (PMDB), em especial a trabalhista, aprovada na quarta (27) na Câmara dos Deputados, e a da Previdência. Dezenas de categorias de diversos segmentos deliberaram pela paralisação. Líderes religiosos, como o arcebispo de Olinda e Recife, dom Fernando Saburido, também enviaram mensagens convocando para mobilização.
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A primeira greve geral registrada no Brasil aconteceu em julho de 1917 e guarda algumas semelhanças com os dias atuais. Na época, os grevistas pediam regulamentação do trabalho de menores e mulheres, redução da jornada de trabalho - que se estendia até 12 horas - e garantias trabalhistas. A data, 28 de abril, foi escolhida por ser o Dia Mundial em Memória das Vítimas de Acidentes de Trabalho.
No Recife, a greve geral terá início a partir da meia-noite desta sexta, quando representantes de sindicatos devem percorrer garagens de ônibus e estações de metrô para mobilizar as categorias. O ato maior está programado para as 15h, com saída da Praça do Derby, passando pela Avenida Conde da Boa Vista, até a Praça da Independência. A concentração será às 14h. As informações foram repassadas, ontem, durante coletiva com representantes de nove centrais sindicais, que representam mais de cem sindicatos ao todo.
No dia 15 de março, houve paralisação dos trabalhadores em repúdio às propostas de Temer. A diferença desta vez é que mais sindicatos e categorias entraram na causa. A maior greve geral já registrada na história do Brasil foi em 1989, durante o governo Sarney.
A lista dos segmentos que devem paralisar as atividades é extensa: professores da rede estadual, docentes de algumas escolas privadas, rodoviários, metroviários, bancários e aeroviários são algumas das categorias que vão aderir. Nas falas, os representantes tentaram dissociar a mobilização do caráter político partidário e centraram os ataques nas reformas de Temer. Deputados estaduais usaram as redes sociais para publicizar a participação no ato de hoje.
Quanto ao tamanho da greve, os representantes das centrais sindicais afirmam que é impossível dimensionar, mas afirmam que essa será uma das maiores da história. A última greve geral do Brasil aconteceu no dia 15 de março de 1996. Nesse dia, serviços essenciais, como os transportes de massa, chegaram a ser interrompidos em algumas cidades no início da manhã, estratégia considerada essencial para garantir a adesão de trabalhadores a uma paralisação.
“A greve neste momento já é vitoriosa, porque toda sociedade pernambucana está pulsando esta informação. Nós teremos atos em mais de 30 cidades de Pernambuco. Inclusive muitos municípios do interior terão ponto facultativo em razão da grande mobilização para greve”, afirmou Paulo Rocha, vice-presidente da CUT-PE, uma das centrais sindicais que convocaram a paralisação.
Sobre o engajamento da população, num dia em que os serviços de transportes devem estar paralisados ou reduzidos, o presidente da Nova Central Sindical, Israel Torres, diz que estão sendo feitas panfletagens para explicar o motivo da greve geral.
“É importante salientar que a cada dia que estamos fazendo a divulgação a gente sente a adesão da população, porque não é brincadeira o que querem fazer com a classe trabalhadora não existe. Só aqui no Brasil e com esse Temer”, disse.
1º de Maio
No 1º de Maio, dia do trabalhador, as centrais planejam nova manifestação. Historicamente, a data já é marcada por mobilizações. Mas, segundo o presidente do Sindicato da Polícia Civil (Sinpol), Áureo Cisneiros, todas as centrais sindicais estão mobilizadas para o feriado.
“Vamos sair às 9h, da Praça Oswaldo Cruz (Centro do Recife), todas as centrais juntas e os sindicatos que acompanham as centrais, até porque temos o conhecimento e a certeza que não temos nada a comemorar nesta data, mas temos muito a lutar para barrar toda essa pauta de retrocessos que está caindo sobre os ombros dos trabalhadores aqui do Brasil.