A reforma da Previdência exigirá de Michel Temer (PMDB), que completa nesta semana um ano à frente do poder, um jogo de cintura para manter a base unida. Partidos que iniciaram o período com apoio, como o PSDB, reavaliam agora se votarão favoráveis aos interesses do governo. Por outro lado, também intensificou rachas já existentes, como no PSB, em que a base parlamentar é extremamente dividida em votações.
“A expectativa do Governo e da base aliada é positiva, para que possamos aprovar a reforma da previdência, porque esta pauta não se trata de uma escolha, mas de uma necessidade”, avalia o ministro Fernando Bezerra Filho (PSB), de Minas e Energia. Fernando foi um dos estopins do racha do PSB. A Executiva do partido afirmou que não iria indicar nomes para o governo, mas a bancada acabou aprovando o nome dele. O ministro, inclusive, foi exonerado duas vezes - nas votações da PEC do tetos dos gastos e da reforma trabalhista - para engrossar o time do governo.
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Sobre isso, o ministro nega que seja um reforço na base. “Não se trata de demonstração de força política, mas são questões importantes para o Brasil, propostas pelo poder executivo, que precisam de todo o apoio da base aliada. Sou um deputado federal, que como outros colegas, ocupa um cargo de ministro. Tenho compromissos firmes com o sucesso da atual gestão”, justificou.
PSDB
Outro ministro pernambucano, Bruno Araújo (PSDB), da pasta de Cidades, avalia que o governo precisa melhorar a comunicação para explicar a reforma. “A Previdência não é que, de forma simplista, ela tenha menos votos. É que ela tem uma temática muito mais complexa. Tenho certeza que o governo precisa avançar mais na comunicação com a sociedade, no sentido de mostrar que ninguém festeja reforma de Previdência. Ela é necessária para que o País continue caminhando e prestando serviços à população com o volume de recursos que precisa”, declarou.
Bruno Araújo avalia, que a reforma da previdência não trata apenas de uma reforma de ajuste econômica, mas que precisa combater privilégios. Para ele, as reformas iniciadas na gestão de Temer terão continuidade na gestão seguinte, com o novo presidente que será eleito em 2018. Assim como Fernando Filho, Bruno foi exonerado duas vezes para votar na Câmara e não descarta um novo retorno ao legislativo para a reforma da previdência.
Para o deputado Daniel Coelho (PSDB), a questão do apoio da base está no mérito de cada matéria. “O teto de gastos, o projeto estava bem feito e bem elaborado. O projeto passou pelo seu conteúdo. A reforma trabalhista também foi um projeto bem discutido. As pessoas não conseguem criticar o conteúdo do projeto. Não há conceito de base. Pode ter uma base teórica, que é a concepção dos partidos. Mas hoje o funcionamento da Câmara não está se dando de forma tão convencional”, avalia. O PSDB tem feito reuniões sobre o assunto, mas a bancada está dividida.