Em audiência na Câmara nesta quarta-feira (10),o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, afirmou que não é possível estabelecer um prazo para que as exportações de carne do Brasil voltem ao patamar de antes das suspensões provocadas pela Operação Carne Fraca, da Polícia Federal.
Para Maggi, o fato de alguns países terem passado a fazer a fiscalização de 100% da carne brasileira é natural, porque a operação gerou uma suspeita em relação ao País. A audiência foi realizada pela Comissão de Agricultura, Pecuária e Abastecimento da Câmara dos Deputados para debater as consequências da operação da PF no setor agropecuário.
De acordo com o ministro, na primeira semana após a operação, as exportações caíram 19%, mas, apesar disso, o mês de março fechou com crescimento de 9% em relação ao ano passado. A operação também provocou queda no preço da carne brasileira em alguns mercados.
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"Eu considero isso até natural porque houve inicialmente um embargo, houve um susto bastante grande. E na retomada, alguns compradores tentaram diminuir os preços do mercado, mas temos a capacidade de negociar. Talvez tenhamos que entregar os preços um pouco mais baixos agora, mas na sequência conseguiremos recuperar esse mercado", disse o ministro.
A Operação Carne Fraca, da PF, deflagrada em 17 de março, apontou suspeita de que as maiores empresas do setor estivessem adulterarando a carne que vendiam nos mercados interno e externo.
Risco pequeno
Blairo Maggi reafirmou à comissão que o anúncio da operação foi feito da forma errada. Segundo ele, nas primeiras horas, o ministério recebeu 328 comunicados oficiais para a obtenção de informações. Maggi destacou que a pasta respondeu de forma rápida os questionamentos, o que minimizou as consequências. A maioria das empresas envolvidas na operação voltou a operar logo após a correção das falhas verificadas.
O ministro explicou, ainda, que foram recolhidas, preventivamente, 762 amostras de produtos. Dessas, menos de 2% apresentaram risco sanitário.
Devido à operação, o ministério afastou 33 servidores, 16 deles ligados à inspeção de produtos de origem, que foram também denunciados ao Ministério Público e à 14ª Vara Federal de Curitiba. Servidores exonerados de cargos de chefia tiveram bloqueados o acesso aos sistemas informatizados do ministério.
Atualmente, 75 países estão abertos à compra de carne brasileira, mas 57 deles reforçaram a inspeção. Outros 13 países ainda se mostram fechados, mas são pouco significativos em volume de exportação.
Para o presidente da Comissão de Agricultura, deputado Sergio Souza (PMDB-PR), as explicações do ministro convenceram os integrantes do colegiado.
"Percebemos que foi uma ação rápida, profícua e com resultado positivo. Hoje, o Brasil não sofre deste mal derivado da operação, que abalou o mercado naquele momento. O ministério tomou todas as ações necessárias e também a sociedade passou a ter mais critério, passou a ser mais exigente", disse.
Preços baixos
Um dos autores do pedido para realização da audiência, o deputado Afonso Hamm (PP-RS) alertou, no entanto, que ainda é preciso retomar a confiança dos compradores. Ele lamentou que a operação da PF ainda tenha reflexos na queda do preço da carne. “Isso é bom para o consumidor, mas péssimo para o produtor rural”, avaliou.
Segundo o deputado, o preço ainda está em torno de 5% a 7% abaixo do que o mercado praticava em março, mas chegou a cair de 15% a 20%. “Hoje melhorou, mas o produtor ainda está recebendo menos. E nas exportações, ainda temos prejuízo. Então, precisamos retomar essa confiança."
Atualmente, 80% da carne bovina, 70% da de frango e 76% da carne suína produzidas no Brasil são consumidas internamente. A cadeia produtiva envolve cerca de 10 milhões de trabalhadores. Os cerca de 20% de carne exportados pelo País representaram, no ano passado, 13,77 bilhões de dólares.