O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse em depoimento ao juiz Sergio Moro que por não ser, na época, da direção do PT, não conversava sobre finanças do partido com João Vaccari Neto, ex-tesoureiro da sigla.
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"Não conversava de finanças do PT. Eu não era da direção do PT. Ponto", afirmou Lula. Questionado por um procurador se, em algum momento, indagou Vaccari se o ex-tesoureiro tinha recebido vantagens indevidas em nome do partido, respondeu: "Não importa se eu perguntei ou não. Ele sempre negou. Negou pela imprensa, negou publicamente".
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Segundo Lula, Vaccari não lhe devia explicações. "Ele era tesoureiro do PT e eu não era. O PT não tinha que prestar contas a mim".
Na sequência, o procurador pediu uma resposta mais objetiva à pergunta sobre Vaccari e, já demonstrando impaciência com a insistência, o ex-presidente tratou de encerrar o assunto. "Para acabar nossa polêmica aqui, vamos dizer: eu perguntei e ele disse não".
Lula é acusado de lavagem de dinheiro e corrupção
Lula foi interrogado por cerca de cinco horas na ação penal sobre o caso triplex. A denúncia do Ministério Público Federal sustenta que Lula recebeu R$ 3,7 milhões em benefício próprio - de um valor de R$ 87 milhões de corrupção - da empreiteira OAS, entre 2006 e 2012. As acusações contra Lula são relativas ao recebimento de vantagens ilícitas da empreiteira por meio do triplex 164-A no Edifício Solaris, no Guarujá (SP), e ao armazenamento de bens do acervo presidencial, mantido pela Granero de 2011 a 2016. O petista é acusado de lavagem de dinheiro e corrupção.
O Edifício Solaris era da Cooperativa Habitacional dos Bancários (Bancoop), a cooperativa fundada nos anos 1990 por um núcleo do PT. Em dificuldade financeira, a Bancoop repassou para a OAS empreendimentos inacabados, o que provocou a revolta de milhares de cooperados. O ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto foi presidente da Bancoop.
A ex-primeira-dama Marisa Letícia (morta em 2017) assinou Termo de Adesão e Compromisso de Participação com a Bancoop e adquiriu "uma cota-parte para a implantação do empreendimento então denominado Mar Cantábrico", atual Solaris, em abril de 2005.
Em 2009, a Bancoop repassou o empreendimento à OAS e deu duas opções aos cooperados: solicitar a devolução dos recursos financeiros integralizados no empreendimento ou adquirir uma unidade da OAS, por um valor pré-estabelecido, utilizando, como parte do pagamento, o valor já pago à Cooperativa.
Segundo a defesa de Lula, a ex-primeira-dama não exerceu a opção de compra após a OAS assumir o imóvel. Em 2015, Marisa Letícia pediu a restituição dos valores colocados no empreendimento.