O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chorou na noite dessa quarta-feira (10)durante discurso em Curitiba em que se disse inocente. O petista participou de evento com militantes depois da audiência com o juiz federal Sérgio Moro. "Quero ser julgado por provas", afirmou.
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Lula voltou a dizer que foi vítima de um "massacre" e pediu para ser julgado com base em provas materiais e não em suposições. "Não quero ser julgado por interpretações."
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Ao comentar o depoimento a Moro, o petista tentou esvaziar as acusações das quais é alvo ao dizer que a Operação Lava Jato não apresentou documentos que comprovem que ele é o real dono do tríplex no Guarujá, no litoral de São Paulo. O petista é réu por corrupção e lavagem de dinheiro por, segundo denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal em setembro do ano passado, ter recebido R$ 3,7 milhões em propinas em contrapartida a três contratos da OAS com a Petrobras.
"Hoje eu pensei que meus acusadores iriam mostrar uma escritura, um documento, um pagamento, alguma coisa que eu fiz para ter o tal do apartamento. Eu esperava que, depois de dois anos de massacre, tivesse lá documento: 'Lula comprou apartamento', 'a escritura está aqui registrada em cartório'... Nada, perguntaram se eu conheço o Vaccari (João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT e ex-presidente da Bancoop), o Léo Pinheiro (ex-presidente da OAS), o Okamotto (Paulo Okamotto, presidente do Instituto Lula). É claro que conheço e não tenho vergonha", afirmou o petista.
O ex-presidente agradeceu a presença de militantes do PT e de movimentos sociais em Curitiba e foi às lágrimas ao dizer que prefere morrer a mentir para seus apoiadores. Cerca de 5 mil pessoas participaram do ato pró-Lula nesta quarta, na capital paranaense, de acordo com estimativa da polícia.
Temas 'alheios'
Em entrevista coletiva concedida logo após o depoimento, os advogados de Lula afirmaram que Moro fez perguntas alheias ao escopo do processo no interrogatório que durou toda a tarde. Para eles, isso só reforçou o argumento da defesa do petista de que se trata de "um processo jurídico para fins políticos".
"O juiz Sérgio Moro buscou saber até mesmo a opinião a respeito do julgamento no Supremo Tribunal Federal e políticas públicas em seu governo", disse o advogado Cristiano Zanin Martins, que representa o ex-presidente. Segundo Zanin, o magistrado quis saber a opinião de Lula sobre o julgamento do caso do mensalão.
"A pergunta que ele fez, textualmente, foi: 'Qual é a opinião do senhor sobre o julgamento do STF no caso do mensalão?' Quando é que uma pessoa naquela condição tem que dar opinião sobre um caso que não tem nada a ver?", afirmou Zanin.
O advogado disse que Lula também foi questionado sobre o sítio em Atibaia, no interior paulista, o que também não está no escopo da ação penal para a qual o ex-presidente prestou depoimento ontem. "Isso mostra que, na verdade, o que está em discussão não é o tríplex, mas o governo do ex-presidente Lula, eleito democraticamente", disse Zanin.
Já o advogado José Roberto Batochio afirmou que os procuradores da força-tarefa da Lava Jato se interessaram em perguntar sobre os custos do armazenamento dos presentes recebidos por Lula durante seu mandato como presidente. "O depoimento mostrou duas coisas: sua inocência, que não é proprietário do tríplex e não participou de qualquer ato ilícito na Petrobras", afirmou.
Os advogados disseram ainda que vão concentrar a defesa de Lula no questionamento a todas as ações consideradas inconstitucionais por eles. Além disso, vão arguir a incompetência territorial do juízo e questionar a "paridade de armas". "A defesa quer ter acesso e tempo para analisar todos os documentos que o Ministério Público Federal e a Petrobras têm acesso", afirmaram.
Advogados de Lula
Os advogados também vão voltar a pedir a suspeição de Sérgio Moro no caso. "Temos elementos concretos para questionar a suspeição do magistrado. Em nenhum lugar do mundo, depois de praticar os atos que praticou, poderia ser considerado legítimo para julgar", afirmou Zanin. Segundo ele, a assessoria jurídica orientou o ex-presidente a responder apenas sobre a denúncia. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.