Em reportagem especial publicada nesta quinta-feira (1º), o jornal inglês The Guardian detalhou as nuances da Operação Lava Jato e seus reflexos na política brasileira desde que foi deflagrada.
Os desdobramentos da 'Car Wash', tradução livre para Lava Jato, fazem a revista questionar já no título da matéria se a investigação pode ser considerada como o maior escândalo de corrupção da história e que o avanço do Brasil "vai depender não apenas de quem cair, mas de quem vem depois".
Leia Também
- Desdobramento da Lava Jato investiga crimes eleitorais em São Paulo
- Nova fase da Lava Jato investiga fraudes na merenda escolar no Rio
- Novo ministro da Justiça diz que Lava Jato é um “programa de Estado"
- Lava Jato une candidatos à sucessão de Janot
- Brasil discute protagonismo do Judiciário com avanço da 'Lava Jato'
- Lava Jato causa instabilidade política, diz Raul Henry
- Abertura de impeachment pode gerar mais instabilidade para inflação, avalia Fipe
Para remontar a realidade vivida pelos brasileiros, Guardian inclusive incorpora expressões locais, como 'acabar em pizza', e coloca a cidade de Curitiba, centro das investigações da Polícia Federal, como a 'Londres brasileira', pois seus habitantes supostamente teriam maior inclinação a seguir às leis do que as pessoas do norte.
Ilustração publicada pelo jornal britânico na versão online da reportagem |
O jornal ressalta a importância da Operação na luta contra as irregularidades, num cenário político "altamente vulnerável a corrupção", mas questiona as investidas da Polícia Federal ao perguntar se realmente "valeu o sacrifício".
Instabilidade política
Sobre o momento de instabilidade política enfrentada no país, o periódico britânico destaca as dificuldades que Temer e seus aliados possuem de concluir o mandato até o final de 2018 devido às acusações a que estão sendo submetidos. Ainda coloca em xeque o futuro do país ao relativizar os rumos promovidos pela Lava Jato.
De acordo com Guardian, enquanto vários brasileiros acreditam que a operação torne a nação 'mais eficiente', há o medo de que o as investigações 'abalem a democracia' nacional, o que poderia alçar ao poder um regime ditatorial ou um governo teocrático evangélico de direita, mas sem dar nomes às possíveis lideranças.
Em relação ao PT, o jornal defende que "Era para o Partido dos Trabalhadores supostamente ser diferente. Ele foi eleito com a promessa de limpar a corrupção, mas logo foi engolido". Já sobre o ex-presidente Lula o veículo fala em 'areia movediça ética' para explicar os avanços sócio-ambientais auferidos nos oito anos de seu governo.