Alvo de investigação no Supremo Tribunal Federal (STF) junto ao deputado afastado, e agora sem foro privilegiado, Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), o presidente da República, Michel Temer, afirmou, em entrevista à revista Istoé, que não se arrepende de nada do que fez durante o pouco mais de um ano de seu governo. Questionado sobre temores em relação ao inquérito no supremo, Temer disparou: "Duvido que ele faça uma delação", referindo-se ao ex-assessor Loures, que foi filmado pela Polícia Federal recebendo R$ 500 mil em suposta propina de diretores da JBS.
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"Não me arrependo de nada do que fiz. Sempre pautei minha vida com critérios muito rígidos de comportamento administrativo e institucional. Não sem razão fui três vezes presidente da Câmara dos Deputados. O que me desagrada é o aspecto moral, porque eu levei a vida com muita moderação. E agora vejo que se tenta jogar meu nome na lama. Eu fico realmente preocupado. Mas tenho certeza e provarei que a razão está ao meu lado", disse Temer.
Sinalizando para a possibilidade da denúncia oferecida pela Procuradoria-Geral da República ser um complô, o presidente garantiu que Rocha Loures não fechará delação com o Ministério Público. "Não creio. Acho que ele é uma pessoa decente. Eu duvido que ele faça uma delação. E duvido que ele vá me denunciar. Primeiro, porque não seria verdade. Segundo, conhecendo-o, acho difícil que ele faça isso. Agora, nunca posso prever o que pode acontecer se eventualmente ele tiver um problema maior, e se as pessoas disserem para ele, como chegaram para o outro menino, o grampeador (Joesley): “Olha, você terá vantagens tais e tais se você disser isso e aquilo”. Aí não posso garantir", pontuou.
Impeachment
Sobre a possibilidade de um processo de impeachment ser aberto no Congresso, o peemedebista esclareceu que a situação de agora é diferente de quando Dilma Rousseff foi afastada da presidência. "No impeachment da ex-presidente (Dilma) havia milhões de pessoas nas ruas. Esse é um ponto importante, não é? Segundo ponto: não havia mais apoio do Congresso Nacional. No meu caso, não. O Congresso está comigo. A oposição que se faz não é quanto ao conteúdo das reformas, mas uma oposição política. A situação é completamente diferente."
Lava Jato
Com a recente mudança do comando da pasta de Justiça, Michel Temer passou a ser contestado sobre a possibilidade de Torquato Jardim tentar atrapalhar o andamento da Lava Jato. Uma possibilidade seria a mudança do comando da Polícia Federal, algo que não descartado pelo ministro durante entrevista coletiva concedida nessa quarta-feira (31). "Primeiro, vou verificar qual é a perspectiva que ele, Torquato, tem em relação aos vários órgãos que existem lá no Ministério, incluindo a Polícia Federal. Quando ele me trouxer os argumentos eu vou examiná-los, mas a decisão é dele, avalizada por mim, sem dúvida nenhuma (...) pode ser que o novo ministro levante os dados todos que ele julgue convenientes e venha conversar comigo sobre isso. Fui secretário da Segurança Pública em São Paulo, duas vezes, e eu tinha que ter pessoas da minha confiança em certos cargos, então eu mudava delegado-geral, mudava o comando da Polícia Militar quando necessário. A mudança do diretor da PF vai depender do novo ministro", enfatizou.
Ainda sobre a denúncia no STF, o presidente comentou a existência de uma 'conjunção de urdidura'."Há um inquérito, que não se quer inquirir, em que se quer fazer a denúncia independentemente do inquérito, com prazos muito exíguos (...) Então eu olho isso e tenho o direito de supor que seja uma tentativa de derrubar governo", atestou Michel Temer.