A entrevista na qual o empresário Joesley Batista classificou Temer como o "chefe da quadrilha mais perigosa do Brasil", concedida na semana passada, ainda gera reações dos agentes políticos envolvidos nas denúncias do dono da JBS. Desta vez, após o presidente entrar com duas ações judiciais e garantir que "os criminosos serão punidos", foi a vez de Eduardo Cunha, embora preso, se pronunciar. Em nota, redigida na tarde desta segunda-feira (19), o ex-deputado disse que Joesley mentiu e revelou encontro entre ele, Lula e o empresário para discutir o impeachment de Dilma Rousseff.
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De acordo com publicação da Folha de São Paulo, Cunha afirmou que o empresário tinha "constantes encontros" com o petista. "Ele (Joesley) fala que só encontrou o ex-presidente Lula por duas vezes, em 2006 e 2013. Mentira! Ele apenas se esqueceu que promoveu um encontro que durou horas, no dia 26 de março de 2016, Sábado de Aleluia, na sua residência [...] entre eu, ele e Lula, a pedido de Lula, a fim de discutir o processo de impeachment [...] onde pude constatar a relação entre eles e os constantes encontros que eles mantinham", escreveu o peemedebista segundo trechos publicados pelo jornal.
O ex-presidente da Câmara ainda teria dito que o encontro com Joesley e Lula pode ser comprovado pelos seguranças da presidência da Câmara que o acompanharam na ocasião, além dos registros do carro alugado para transportá-lo em São Paulo.
Relação com Joesley
Lamentando ter exposto a família à "convivência com esse perigoso marginal (Joesley)", Cunha ainda questiona "de onde vem o poder dele". "É estranho que, mesmo atacando o governo, ele ainda seja o maior beneficiário de medidas [...] tais como a MP 783 do Refis", escreveu. "Ele também é o grande beneficiário da MP 784, da leniência com o Banco Central e com a CVM, onde as suas falcatruas no mercado de capitais, as atuais e as passadas, poderão obter o perdão e ficarem impunes."
Na nota, Cunha disse repudiar "com veemência" as acusações e desafiou o dono da JBS a provar suas afirmações e, em grande, parte usa a mesma tática adotada pelo Palácio do Planalto para desqualificar as denúncias do empresário.