Atualizada às 19h31
A Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) divulgou nesta terça-feira (27) os nomes dos três indicados para a sucessão do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para o biênio 2017/2019. Fazem parte da lista os subprocuradores Nicolao Dino, Raquel Dodge e Mario Bonsaglia. Agora, as indicações serão levadas ao presidente Michel Temer, a quem cabe indicar o chefe do Ministério Público Federal.
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Os nomes foram escolhidos através de uma votação recorde na história do Ministério do Público Federal. Mais de 1100 procuradores da República de todo o Brasil votaram na eleição. Nicolao teve 621 votos, Raquel, 587 e Mário, 564.
Após consulta promovida pela ANPR, figuram a #ListaTríplicePGR os subPGRs: @nicolao_dino, Raquel Dodge e @Mario_Bonsaglia pic.twitter.com/GFvAaLGBQq
— ANPR (@ANPR_Brasil) 27 de junho de 2017
O presidente não é obrigado pela Constituição Federal a escolher um dos nomes eleitos para a lista-tríplice. Existe, no entanto, uma tradição de que o escolhido para o cargo de procurador-geral da República faça parte da lista indicada pela ANPR.
Sucessão de Janot ocorre em momento de tensão entre a PGR e presidência
A escolha do sucessor de Janot se dá em um cenário de tensão entre o Ministério Público Federal e o Poder Executivo por conta dos desdobramentos da Operação Lava Jato e da primeira denúncia - de possíveis três - contra Temer oferecida na segunda-feira (26).
Janot está no fim de seu segundo mandato, que termina em setembro. Ele foi indicado pela ex-presidente Dilma nas duas ocasiões para chefiar o Ministério Público Federal. Em 2015, Janot venceu com 799 votos e ficou à frente de Mario Bonsaglia (462 votos) e Raquel Dogde (402 votos).
O primeiro colocado da lista tríplice, Nicolao Dino, tem apoio do atual procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que acaba de oferecer denúncia criminal contra Temer por corrupção passiva no caso JBS. Dino é vice procurador-geral Eleitoral e foi responsável pela acusação no caso da chapa Dilma-Temer, quando pediu a cassação do mandato do presidente Michel Temer. O subprocurador é irmão do governador do Maranhão, o juiz federal Flávio Dino.
Aliados de Temer têm sugerido ao presidente que ignore a lista tríplice dos procuradores, optando por um nome de sua estrita confiança para comandar a instituição nos próximos dois anos.
Tradição da lista tríplice teve início em 2001
A tradição de formação da lista tríplice iniciou-se em 2001. Segundo a ANPR, "trata-se de um processo que atende ao clamor dos procuradores da República de indicar aquele que acreditam ser o mais preparado para gerir a instituição".
De 2001 até agora, a lista tríplice para o cargo de Procurador-Geral da República só não foi acatada em sua primeira edição. A partir de 2003, o então presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, passou a reconhecer e prestigiar a escolha dos procuradores da República para o cargo de chefe do órgão.
Após o resultado das eleições, a ANPR é a responsável por encaminhar os três nomes mais votados aos presidentes da República, do Supremo Tribunal Federal, do Senado Federal e da Câmara dos Deputados, bem como ao procurador-Geral da República e ao Conselho Superior do Ministério Público Federal.
Conheça o perfil dos três indicados:
Nicolao Dino Neto
Ingressou no MPF em 1991. É subprocurador-geral da República e vice-procurador-geral Eleitoral. Atuou no Conselho Nacional do Ministério Público como conselheiro e presidente da Comissão de Planejamento Estratégico e Acompanhamento Legislativo. Foi membro suplente da 2ª e 4ª Câmaras de Coordenação e Revisão, coordenou a Câmara de Combate à Corrupção do MPF, foi Diretor-Geral da Escola Superior do Ministério Público da União (ESMPU), Secretário de Relações Institucionais do MPF, Procurador Regional Eleitoral, Procurador Regional dos Direitos do Cidadão e Procurador-Chefe da Procuradoria da República no Maranhão. É mestre em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco e professor da Faculdade de Direito da Universidade de Brasília. Foi presidente da ANPR entre 2003 e 2007. É irmão do atual governador do Maranhão, Flávio Dino.
Raquel Elias Ferreira Dodge
Subprocuradora-geral da República e oficia no Superior Tribunal de Justiça (STJ) em matéria criminal. Integra a 3ª Câmara de Coordenação e Revisão, que trata de assuntos relacionados ao Consumidor e à Ordem Econômica. É membro do Conselho Superior do Ministério Público pelo terceiro biênio consecutivo. Foi Coordenadora da Câmara Criminal do MPF, membro da 6ª Câmara, Procuradora Federal dos Direitos do Cidadão Adjunta. Atuou na equipe que redigiu o I Plano Nacional para Erradicação do Trabalho Escravo no Brasil, e na I e II Comissão para adaptar o Código Penal Brasileiro ao Estatuto de Roma. Atuou na Operação Caixa de Pandora e, em primeira instância, na equipe que processou criminalmente Hildebrando Paschoal e o Esquadrão da Morte. É Mestre em Direito pela Universidade de Harvard. Ingressou no MPF em 1987.
Mario Luiz Bonsaglia
Ingressou no MPF em 1991 e, atualmente, ocupa o cargo de subprocurador-geral da República, com designação para atuar em feitos criminais da 5ª e 6ª Turmas do STJ e em sessões da 2ª Turma, de direito público. Atual conselheiro e vice-presidente do Conselho Superior do Ministério Público Federal (biênios 2014-2016 e 2016-), bem como Coordenador da 7ª Câmara de Coordenação e Revisão (biênios 2014- 2016 e 2016-), que trata do Sistema Prisional e Controle Externo da Atividade Policial. Já atuou como conselheiro do Conselho Nacional do Ministério Público (biênios 2009-2011 e 2011-2013) e membro suplente da 2ª Câmara de Coordenação e Revisão (2008-2009), com atuação em matéria criminal. Também foi Procurador Regional Eleitoral em São Paulo (biênios 2004-2006 e 2006-2008); diretor da ANPR (1999-2001); e Procurador do Estado de São Paulo (1985-1991). É Doutor em Direito do Estado pela Universidade de São Paulo.