O presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República, José Robalinho Cavalcanti, entregou pessoalmente ao presidente Michel Temer (PMDB) os nomes que integram a lista tríplice para a sucessão de Rodrigo Janot como procurador-geral da República. Robalinho foi recebido por Temer e pelos ministros Torquato Jardim (Justiça) e Eliseu Padilha (Casa Civil). O presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), também participou da reunião, que ocorreu nesta tarde no Palácio do Planalto.
Após o encontro, Cavalcanti disse à reportagem que a conversa foi rápida e que o gesto de Temer ao receber pessoalmente a lista demonstra que o presidente vai respeitar a tradição de escolher o procurador-geral entre os três nomes. "Eu acho que o gesto de presidente receber pessoalmente a lista já é um sinal", disse Cavalcanti.
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O presidente da entidade reforçou que não perguntou a Temer se ele vai realmente respeitar a lista e quanto tempo vai levar para fazer a escolha. O procurador lembrou que também não fez isso com a ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Segundo ele, Dilma levou dois meses após a entrega da lista para anunciar Rodrigo Janot para o cargo, em 2013. Já em 2015, quando ele foi reconduzido, o tempo foi de apenas 48 horas.
A lista é composta pelos subprocuradores-gerais da República Nicolao Dino (621 votos), Raquel Dodge (587 votos) e Mario Luiz Bonsaglia (564 votos). Perguntado se é essencial que Temer escolha o primeiro da lista, Cavalcanti disse que isso é importante, mas que compete ao presidente a decisão. "Não é irrelevante a colocação na lista. Agora, a lista é um rol de escolhas, existe o primeiro colocado, está posta. Quem vai ponderar e decidir é o próprio presidente, que já falou anteriormente que vai respeitar a lista", disse o presidente da ANPR.
Discurso
Comentando o pronunciamento de Temer para se defender da denúncia apresentada por Janot, Cavalcanti disse que a reação do presidente foi natural de qualquer acusado, mas que o peemedebista "extrapolou" nas críticas à Procuradoria.
No discurso, Temer insinuou que Janot pode ter recebido dinheiro por meio do ex-procurador da Lava Jato Marcelo Miller, que, segundo o presidente, "ganhou milhões em poucos meses" após deixar o Ministério Público e trabalhar no acordo de leniência do Grupo J&F.
"Eu acredito que o presidente extrapolou em algumas questões. Ele fez figuras de linguagem, não afirmou nada. Pode ser válido para fins políticos, mas não existe nenhuma base na suspeita que ele fez", afirmou o presidente da ANPR. Cavalcanti disse ainda que as insinuações que Janot teria recebido dinheiro "não tem sentido nenhum e nem há qualquer indício."