Prisão de Geddel

Juiz lembra 'pressão' de Geddel sobre Calero

Juiz afirmou que Geddel "tenta persuadir pessoas". No ano passado, Marcelo Calero pediu demissão do Ministério da Cultura por se sentir pressionado

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Publicado em 03/07/2017 às 19:01
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Juiz afirmou que Geddel "tenta persuadir pessoas". No ano passado, Marcelo Calero pediu demissão do Ministério da Cultura por se sentir pressionado - FOTO: Foto: AFP
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Na decisão que mandou prender o ex-ministro Geddel Vieira Lima o juiz federal Vallisney de Souza Oliveira, da 10.ª Vara Federal, reacendeu um capítulo recente do governo Temer, envolvendo o embate entre o aliado muito próximo do presidente e o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero. O magistrado destacou a "pressão" de Geddel sobre o ex-ministro para conseguir a liberação das obras de um apartamento de luxo em área histórica de Salvador. Segundo o magistrado, Geddel "tenta persuadir pessoas".

A prisão de Geddel não está relacionada ao empreendimento de alto padrão La Vue Ladeira da Barra, onde o ex-ministro tem um apartamento. O caso provocou uma crise no Governo Temer. Em novembro do ano passado, o então ministro Calero denunciou supostas pressões do peemedebista para que a Pasta liberasse a construção. Geddel acabou deixando o governo.

O ex-ministro foi preso na tarde desta segunda-feira, 3, na Bahia, no âmbito da Operação Cui Bono?, por supostamente tentar obstruir investigação que apura irregularidades na liberação de recursos da Caixa Econômica Federal. Ao mandar capturar Geddel, o juiz citou o episódio do apartamento em Salvador.

"Não é a primeira vez que Geddel Vieira tenta persuadir pessoas ou pressioná-las, conforme explana a autoridade policial ao mencionar episódio ocorrido há pouco tempo, embora não relacionado com os fatos: 'Outrossim, Geddel Vieira Lima já deu exemplo de ser capaz de utilizar sua influência política para tentar seu favorecimento indevido, como ocorreu recentemente no episódio que envolveu o ex-ministro Marcelo Calero, em que Geddel, então secretário de Governo da República, valeu-se de sua pública e notória influência para obter decisão administrativa que beneficiaria empreendimento em que havia adquirido imóvel particular, nada impedindo que volte a exercê-la, agora em questão até mais grave'", destacou o magistrado.

A prisão de Geddel é de caráter preventivo e tem como fundamento informações fornecidas em depoimentos recentes do doleiro Lúcio Bolonha Funaro, do empresário Joesley Batista e do diretor jurídico do grupo J&F, Francisco de Assis e Silva. Os executivos da controladora da JBS falaram em suas delações premiadas.

No pedido enviado à Justiça, a Procuradoria da República, no Distrito Federal, afirmaram que o político tem agido para atrapalhar as investigações. O objetivo de Geddel seria evitar que o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e o próprio Lúcio Funaro firmem acordo de colaboração com o Ministério Público Federal. Para isso, segundo os investigadores, tem atuado para assegurar que ambos recebam vantagens indevidas, além de "monitorar" o comportamento do doleiro para constrangê-lo a não fechar o acordo.

Risco "iminente"

O juiz Vallisney aponta para risco "iminente" se Geddel ficar solto.

"O risco é iminente de prejuízo ao processo e ao inquérito, sobretudo no estágio das investigações desta Operação Cui Bono e na fase instrutória judicial do processo em que são réus presos Eduardo Consentino da Cunha, Lúcio Bolonha Funaro e Henrique Eduardo Alves, além dos réus soltos Fábio Ferreira Cleto e Alexandre Margotto", anotou o magistrado.

"É que em liberdade, Geddel Vieira Lima, pelas atitudes que vem tomando recentemente, pode dar continuidade a tentativas de influenciar testemunhas que irão depor na fase de inquérito da Operação Cui Bono, bem como contra pessoas próximas aos coinvestigados e réus."

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