O deputado federal Júlio Delgado (PSB-MG) subiu à tribuna da Câmara na sessão que aprecia denúncia contra Michel Temer (PMDB), na manhã desta quarta-feira (2), para defender a abertura do processo de investigação do peemedebista no Supremo Tribunal Federal (STF).
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"Nós estamos nessa sessão simplesmente pedindo uma autorização, uma admissão, para que a Câmara dos Deputados em um processo inédito possa encaminhar ao STF a solicitação de que o presidente possa ser investigado", afirmou o socialista.
Júlio Delgado afirmou que a maioria da bancada do seu partido, o PSB, votará a favor da denúncia. O deputado citou nominalmente os deputados Danilo Cabral (PE), Tadeu Alencar (PE), César Messias (AC), Valadares Filho (SE), Rafael Motta (RN), Bebeto (BA), João Henrique Caldas, o JHC (AL) e Janete Capiberibe (AP). "Nós somos 22 dos 35", disse Júlio Delgado.
A sigla deixou o governo em maio, após a divulgação da delação do empresário Joesley Batista, da JBS. Desconfortáveis no PSB, um grupo de dissidentes que votam a favor do governo flertam com PMDB e DEM, o que causou atrito entre o presidente Michel Temer e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
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Investigação
Júlio Delgado citou o trecho de das sentenças proferidas pelo juiz federal Sérgio Moro, responsável pelas investigações da Operação Lava Jato na 1ª instância. "Moro diz o seguinte: 'Por mais alto em que uma pessoa esteja, ela não está em cima da lei'. A lei exige que a pessoa possa ser investigada", disse o deputado.
Júlio Delgado tentou sensibilizar os parlamentares, principalmente os que são alvo de inquérito no STF, a votarem pela abertura do inquérito. Segundo ele, um dos motivo para que os deputados votem pelo arquivamento da denúncia seria o fato de alguns serem alvos de inquérito no STF. "Muitos são inocentes os que estão sendo investigados. O deputado (investigado) tem o direito de se defender e provar sua inocência. E por que o presidente não, que ocupa o cargo mais alto da politica? Em função da ocupação desse espaço deveria ter a responsabilidade dos atos praticados, principalmente no exercício da Presidência", disse Júlio Delgado.
Posição
Por volta das 12h20, o deputado voltou a fazer uso da palavra e defendeu, desta vez, a não-votação no requerimento. "Se nós não votarmos, os 120 que estamos aqui, eles não alcançarão o quórum para votar a matéria nesta sessão. É um procedimento de didática, da ação nossa aqui. Nós não podemos marcar presença", disse. "Venho pedir que nós não votemos esse requerimento para o bem do País", acrescentou em outro trecho.