Empresário responsável por gerar uma crise no governo Michel Temer (PMDB), Joesley Batista declarou durante entrevista à revista Veja, que o "verdadeiro" presidente é aquele que foi gravado por ele nos áudios vazados em maio deste ano. Ainda segundo Batista, o Temer "que aparece na televisão" é falso e o verdadeiro é direto na hora de falar sobre assuntos como propina. Neste sábado (2), o empresário divulgou uma nota onde chama Temer de 'ladrão-geral da República', rebatendo acusações feitas pelo Planalto no fim dessa sexta (1º).
Na entrevista, divulgada nessa sexta-feira (1º), Joesley afirma que outros políticos costumavam lhe pedir uma ajuda. Já os do do PMDB, como Temer e o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, costumavam ser mais diretos na hora de pedir dinheiro. "(Temer) Dizia: 'olha Joesley, precisava de R$ 3 milhões, precisava de 300 mil pra ver um negócio de campanha lá. Estilo, né? Eduardo Cunha também sempre falou direto de dinheiro. O PMDB da Câmara é o mais explícito", afirmou. Ele também conta que teria entregue dinheiro pessoalmente para Cunha mais de uma vez em troca de favores.
Questionado sobre sua relação com Michel Temer, o dono da JBS admitiu que não eram amigos, mas que foi várias vezes à casa e ao Palácio do Planalto. "Na forma ele é cuidadoso. Gesticula bem as mãos, fala mais formalmente, não fala palavrão, fala baixo. Mas no conteúdo é 100% direto", afirmou. Segundo ele, o presidente dos discursos rebuscados, é "sem cerimônia".
Na entrevista, Joesley também afirmou que desconfiava que o governo Temer agia para impedir que ele delatasse, através do advogado Willer Tomaz, que hoje está preso, e do procurador Ângelo Goulart, acusado de fornecer informações sigilosas ao empresário. Batista acredita que quando o procurador descobriu sua intenção de fazer a delação, contou a alguns peemedebistas, que se afastaram dele de prontidão, e que Temer queria que ele continuasse pagando o silêncio dos presos até que ele próprio fosse capturado.
"Um sujeito inteligente, com 70 e tantos anos, me diz para continuar pagando aos presos e continuar pagando aos juízes...? Só se for por covardia", disse. "O plano era me prender e acabar com a minha empresa", completou.
Combate à corrupção
Ao ser perguntando sobre o que mudou na sua vida, Joesley Batista afirma que descobriu que era um criminoso e que toda a sua forma de agir e ver o mundo mudou. O dono da JBS disse, ainda, que quando o delator decide fazer o acordo "ele vira uma chave". "Muda sua forma de pensar, de agir. Aqueles amigos que você tinha já não servem mais", afirmou. O empresário espera que, com a entrega dos novos anexos e novas gravações, a sociedade vai pensar: "Pô, o Joesley teve a imunidade, mas olha como ele ajudou a desbaratar a corrupção'". disse o empresário na entrevista.
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