Parlamentares de oposição e de situação se pronunciaram após a denúncia realizada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra o presidente Michel Temer e integrantes do PMDB pelos crimes de organização criminosa e obstrução de justiça. Foi a segunda denúncia feita pela PGR contra Temer.
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Um dos principais articuladores da oposição na Câmara, o deputado Alessandro Molon (Rede-RJ) divulgou nota onde defende que a Casa aprove o andamento da nova denúncia contra o presidente Michel Temer.
"É uma denúncia extremamente grave, que mostra que na cadeira da Presidência da República está sentado o chefe de uma organização criminosa que ordenou a compra do silêncio do operador financeiro desta organização criminosa", disse Molon. "Temer fez tudo isso para que os crimes dele ficassem ocultos à Justiça e diante da gravidades desses fatos é inaceitável que a Câmara, mais uma vez, impeça a Justiça de julgar Temer pelos crimes que ele cometeu", emendou.
Outros deputados oposicionistas também se manifestaram à favor de que os deputados, desta vez, autorizem o afastamento de Temer Na primeira denúncia, por corrupção passiva, o presidente da República teve o apoio de 263 deputados para enterrar o pedido da PGR.
"Desta vez será muito difícil Temer escapar. A acusação é forte e as provas são robustas com relação ao envolvimento dele no esquema. Essa história de 'eu não sabia', adotada pelo ex-presidente Lula lá no mensalão, não cola mais. Não é à toa que o petista hoje é réu em cinco processos e apontado como chefe de quadrilha. O mesmo deve acontecer com Temer", avaliou o deputado Rubens Bueno (PPS-PR), membro da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), colegiado responsável pela primeira análise da denúncia na Câmara.
Bueno acredita que a nova denúncia não deve encontrar as mesmas facilidades que os governistas tiveram na análise da primeira ação da PGR no plenário. "Na primeira denúncia ele usou de todos os artifícios, como a liberação desenfreada de emendas, para escapar. Agora a conta de sua base fisiológica deve ser muito maior e tenho minhas dúvidas se ele conseguirá escapar", disse o deputado.
O senador Álvaro Dias (Pode-PR) chamou de "fulminante" a segunda denúncia contra o presidente Michel Temer. "Uma denúncia fulminante, que tem força jurídica, especialmente em função nas provas acumuladas em várias delações. Certamente, a Câmara dos Deputados terá enorme dificuldade na apreciação desta nova denúncia", opinou. "A imagem do presidente da República está ainda mais fragilizada. As últimas denúncias, últimas prisões, os últimos atos fragilizaram a figura do presidente da República diante da sociedade e diante do Congresso. Certamente custará muito caro ao País a manutenção de seu mandato", complementou.
"Suspeita contra procurador enfraquece denúncia"
Já o vice-líder do governo no Senado, o senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA), afirmou nesta quinta-feira (14) que a nova denúncia contra o presidente Michel Temer traz mais insegurança ao País. "O Brasil não suporta mais ficar nessa insegurança. Agora, seja a solução, mesmo que não seja a melhor, é o que nós temos. Temos que avançar", afirmou Flexa Ribeiro.
Questionado se acredita que a nova denúncia seja barrada na Câmara, a exemplo do que ocorreu com a primeira, ele disse que sim, embora admita que o seu partido, o PSDB, seguirá dividido. "Não haverá unidade no PSDB", disse.
O líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO), afirmou que a segunda denúncia contra o presidente Michel Temer não tem a mesma robustez da primeira. "Os áudios que Joesley Batista confessa ter ocultado informações, além da suspeita sobre a atuação do ex-procurador Marcelo Miller, enfraqueceram e comprometeram um pouco essa segunda denúncia", afirmou o senador, que, embora seja de um partido da base, tem adotado posições críticas ao governo.
"A fragilidade da base precisa ser observada. Existe um descontentamento entre os que apoiam Temer que pode trazer problemas para ele na Câmara", disse Caiado por meio de nota.