O ministro da Defesa Raul Jungmann (PPS), voltou a se posicionar a respeito da possibilidade de uma intervenção militar no Brasil, assunto que entrou no debate nacional no mês passado com a declaração de um oficial sugerindo que o Exército deveria intervir para conter a crise nas instituições.
"Uma intervenção militar é um reverso da política, é um contexto autoritário, anti-democrático", disse o ministro, em entrevista à Rádio Jornal nesta segunda-feira (2).
Segundo o ministro, tal motivação por parte dos cidadãos que apoiam a intervenção militar tem origem em um sentimento de descrédito na política e na falta de políticas públicas eficientes, principalmente no campo da segurança. "Isso somado leva a que hoje você tenha muito mais do que no passado a ideia da intervenção militar", contou.
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No dia 15 de setembro, o general Antonio Hamilton Martins Mourão falou em intervenção militar caso os Poderes não resolvam internamente a crise política, após nova denúncia protocolada por Rodrigo Janot contra o presidente Michel Temer (PMDB) por organização criminosa e obstrução da justiça. O comandante do Exército, o general Eduardo Vilas Bôas afirmou categoricamente que não havia nenhuma possibilidade de intervenção. Raul Jungmann chegou a pedir que Vila Bôas tomasse "as medidas cabíveis" sobre as declarações de Mourão. Após reunião com Temer, o ministro deixou nas mãos do comandante a condução do caso. O Exército disse que não puniria o general.
Fora de cogitação
Jungmann vê como um fato isolado e garante que não existe clima ou proposição por parte das Forças Armadas para qualquer intervenção, pela própria convivência que ele possui com figuras do alto escalão do Exército. "Primeiro: Constitucionalmente não existe intervenção militar, seria uma ruptura antidemocrática, seria algo autoritário, está fora de cogitação. Segundo, as forças armadas estão condicionadas à lei. Terceiro: Qual a alternativa teria a intervenção militar, iria resolver o problema da previdência, do deficit, da falta de credibilidade da política?", questionou Jungmann.
Para Raul, apesar da crise política, todas as instituições estão funcionando bem. "Qual outro pais do mundo faz o processo de uma empresa como estão fazendo nesse momento? Não tem nada ficando em baixo do tapete, é a democracia que permite isso", afirmou, referindo-se a prisão de executivos da JBS.