A líder da oposição no Peru Keiko Fujimori afirmou nesta sexta-feira (10) que jamais recebeu dinheiro do empresário brasileiro Marcelo Odebrecht, preso na Operação Lava Jato por subornar políticos e autoridades no Brasil e em outros países da América Latina.
Segundo o jornal El Comercio, Marcelo Odebrecht admitiu em depoimento ter contribuído para a campanha presidencial de Keiko Fujimori em 2011, e de outros candidatos favoritos.
Interrogatório
Na quinta-feira, procuradores peruanos interrogaram Marcelo Odebrecht em Curitiba, onde o empresário permanece detido, na presença do advogado de Keiko.
"Me comuniquei com minha defesa e confirmei que isto é falso. Ficou claro que não conheço o senhor Odebrecht e que ele não financiou nossas campanhas, que jamais se reuniu comigo", declarou Fujimori em vídeo publicado nas redes sociais.
O advogado Edward García, que presenciou o interrogatório em Curitiba, disse nesta sexta-feira à rádio RPP que "no depoimento de Marcelo Odebrecht não há o que revela o jornal El Comercio". "Não falou em contribuição para a campanha, mas não posso revelar o que ele disse porque é sigiloso".
García informou que pedirá ao Ministério Público do Brasil que suspenda o sigilo para que todos possam "saber o que Odebrecht declarou na audiência".
A Lava Jato encontrou no celular de Marcelo Odebrecht frases como "aumentar Keiko para 500 e eu fazer visita", em suposta referência a ex-candidata presidencial no Peru em 2011 e 2016.
Keiko disse à comissão do Congresso peruano que investiga o caso que o texto se refere a "planos para uma aproximação que jamais se concretizou".
Segundo El Comercio, que cita fontes anônimas, Marcelo Odebrecht se referia à entrega de 500 mil dólares e a palavra "aumentar" indica que a quantia foi entregue.
O Ministério Público do Peru investiga Keiko Fujimori e vários membros do seu partido - Força Popular - por envolvimento no caso Odebrecht.
O grupo brasileiro admite ter pago 29 milhões de dólares em subornos no Peru entre 2005 e 2014, durante os governos dos presidentes Alejandro Toledo, Alan García e Ollanta Humala.
Toledo é acusado de ter recebido 20 milhões de dólares da Odebrecht, enquanto Humala e sua mulher cumprem prisão preventiva de 18 meses por recebimento de contribuição ilegal de campanha em 2011, totalizando 3 milhões de dólares, também da empreiteira.
No primeiro interrogatório de procuradores peruanos a Marcelo Odebrecht, em maio passado, o executivo admitiu ter entregue dinheiro a Humala, atendendo a pedido do Partido dos Trabalhadores (PT), dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.